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NOVA ESTAÇÃO DE CAÇA
Mais uma vez, Celso Pitta está acuado no ringue da lamentável política
paulistana. Foi dado ontem o primeiro passo para a abertura do processo
de cassação do prefeito de São Paulo.
Nas demais estações de caça ao mandato de Pitta, a pressão se limitou à
ameaça e à chantagem de vereadores,
que ofertavam apoio a um prefeito
abalado por escândalos em troca de
fatias da administração municipal. O
resultado da barganha foi o que se
viu: corrupção ainda maior.
Mas desde a última temporada de
ataques a Pitta se acumularam diariamente mais evidências de que a prefeitura está coalhada de irregularidades, das regionais ao PAS, passando
por empresas do município.
O estoque do passivo político e judicial dos primeiros meses do mandato do prefeito só cresceu. Pitta tomou
posse enredado em escândalos como
o dos precatórios e estorvado por dívidas eleitoreiras em que ele e Paulo
Maluf afogaram o município. Com a
prefeitura entrevada e enxovalhada,
60% dos paulistanos passaram a
aprovar o impeachment de Celso Pitta e outros 73% a apontar corrupção
em seu governo, segundo dados de
pesquisa Datafolha.
Mas a influência da opinião pública
no processo de cassação deverá ser
pequena ou talvez até irrelevante. Há
meses as lideranças políticas, da
oposição aos diversos matizes de governismo oportunista, discutem a
conveniência ou não de transformar
Pitta em cadáver político, importando-se pouco com aspectos objetivos
do processo contra o prefeito. De
resto, o negocismo da maioria dos
vereadores pode bem ver no processo de impeachment mais uma feira
de oportunidades e de favores, mercadejo que colaboraria para a permanência de Pitta no cargo.
Nesse cenário, em que a barganha
pode dar sobrevida ao prefeito, é difícil avaliar o destino que terá o processo de cassação. Mas é certo que o
estado atual da administração e do
Legislativo municipais, contaminados pelo malufismo, por seus subprodutos e pela baixa moralidade da
vereança, constitui infortúnio que
merece séria reflexão dos eleitores.
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