São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Bahia
"A reportagem "Desigualdade social cresce na Bahia em anos carlistas" (Brasil, pág. A5, 10/6), de Wladimir Gramacho, traz análises distorcidas e tendenciosas, que, em respeito aos leitores de todo o país, gostaríamos de retificar: 1) Ao fazer referência ao conceito de desigualdade social, a reportagem utiliza dois indicadores -ocupação e distribuição de renda- que possuem forte correlação com as políticas macroeconômicas e, portanto, dependem de decisões do governo federal. A ação de governos subnacionais resulta em efeitos tópicos, não sendo suficientes para uma mudança estrutural do problema. 2) A reportagem não compara o índice de Gini da Bahia -publicado pelo IBGE no documento "Síntese de Indicadores Sociais 2000"- com o do Brasil, em que fica demonstrado que avançamos mais do que outros Estados na política de redução das desigualdades sociais, como sinalizam os dados a seguir:

Índice de GINI
1992:
Bahia: 0,580
Brasil: 0,571
Nordeste: 0,597

1999:
Bahia: 0,558
Brasil: 0,567
Nordeste: 0,587

Fonte: Pnad/IBGE

Os dados acima mostram que, nos "anos carlistas", a distribuição de renda teve na Bahia um avanço maior do que o ocorrido no Nordeste e no Brasil. Em 92, a concentração de renda na Bahia era superior à brasileira. Em 99, essa concentração passou a ser menor na Bahia quando comparada à brasileira. Ainda quanto à distribuição de renda, é sabido que esse indicador é desfavorável para o Brasil como um todo e se agrava nos Estados das regiões mais pobres. O aprofundamento da desigualdade de renda deve ser creditado às políticas restritivas, tanto monetária quanto fiscal, e à falta de uma decisão política clara no que concerne à distribuição de renda pessoal e regional. 3) Outra distorção evidenciada é o pouco peso das conquistas sociais obtidas no período, citadas apenas no final da reportagem, omitindo inclusive os avanços significativos na área de educação. Uma análise mais aprofundada sobre as desigualdades sociais na Bahia evidenciaria, entre outros, os indicadores seguintes: Contigente de indivíduos situados no limiar da indigência (com salário inferior a meio mínimo): na Bahia, no período de 92 a 99, o total de indivíduos com mais de dez anos na situação de indigência sofreu redução de 52,7%. Educação: a taxa de analfabetismo passou de 30,2% (em 92) na população de dez anos e mais para 22,4% em 99. A taxa de atendimento da população de 7 a 14 anos saltou de 87,1% em 94 para 96,1% em 2000, e a da população de 15 a 17 anos, de 60,2% para 87,9% no mesmo período. Saneamento básico: o número de domicílios urbanos não ligados à rede coletora de abastecimento de água caiu de 18,9% em 92 para 9,4% em 99. Os domicílios urbanos não ligados à rede coletora de esgotamento sanitário caíram, no mesmo período, de 74,8% para 62,1%. Como se vê, a desigualdade social na Bahia vem-se reduzindo nos "anos carlistas", e os indicadores sociais obtêm significativos avanços que poderiam ser mais bem explicitados se não houvesse limitação de espaço. Em relação à reforma do Estado, diferentemente do que afirma a reportagem, estava certo o ex-presidente do Senado Federal, Antonio Carlos Magalhães, quando disse que "a Bahia deu certo antes do Brasil". Isso porque o ajuste fiscal feito no Estado, além de pioneiro, atingiu seus objetivos, como aliás, reconhece a própria Folha em reportagem publicada em 14/2/2000."
Luiz Carreira, secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia (Salvador, BA)

Paraná
"O governo do Estado do Paraná reitera sua intenção de privatizar a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) até o final deste ano, seguindo lei aprovada pela própria Assembléia Legislativa paranaense. Não há nenhuma relação entre a atual crise de energia no país e a privatização da Copel -como pretende fazer crer a oposição ao governo Jaime Lerner-, até porque o Paraná é superavitário em energia e supre várias outras regiões do país com sua geração de energia elétrica. Sem a privatização, o prejuízo do povo paranaense poderá ser significativo, uma vez que a Copel perderá competitividade no mercado a partir de 2003 com o fim do monopólio estatal sobre a energia elétrica."
Ingo Henrique Hübert, secretário da Fazenda do governo do Paraná e presidente da Copel (Curitiba, PR)

Autismo
"O ex-senador ACM não imagina a indignação que eu senti ao constatar que comparou o nosso sujo governo a um autista. Sou mãe de uma criança autista e, se o ex-senador não sabe, autista é o mais puro e íntegro ser que existe neste mundo. Nada a ver com as sujeiras e as falcatruas desse governo, do qual ele fez parte. O que ACM sabe sobre autismo? Autismo é uma síndrome que não pode ser usada como adjetivo para críticas a um governo tão corrupto. Essa é uma afirmação preconceituosa e ofensiva, que contribui ainda mais para a exclusão social dessas pessoas já tão excluídas."
Rosa Maria de Miguel (Ribeirão Preto, SP)

PSDB x PT
"O deputado José Aníbal (PSDB) vem a este painel esbravejar contra tudo e contra todos ("Protesto", "Painel do Leitor", 12/6). É preciso lembrar ao deputado o que é o PSDB, aquele partido social-democrata de esquerda que se aliançou com o PFL e com o PMDB e que teve Maluf como apoiador, tanto em 94 como em 98. "Descer o pau" no PT é fácil. Dizer que as oposições estão querendo desestabilizar a democracia é fácil. Está sendo difícil explicar por que, em seis anos de mandato, o presidente ficou desinformado sobre a crise energética. Difícil explicar por que o PSDB lutou com unhas e dentes contra a CPI da corrupção. Quando não se tem mais argumentos, começa-se a baixar o nível, ou seja, começa-se a querer acusar Deus e o mundo pelos erros que se comete."
Luis Antonio de Oliveira (São Paulo, SP)

Caixego
"A propósito da correspondência do leitor Rodrigo B. de Campos Netto ("CPI da corrupção", "Painel do Leitor", 12/6), temos a considerar o que segue. O leitor foi extremamente injusto e deselegante com o senador Iris Rezende (PMDB-GO) ao abordar temas que nem sequer são do seu conhecimento. O chamado "caso Caixego" foi fartamente veiculado pela mídia como a suposição de que recursos da ordem de R$ 5 milhões teriam sido utilizados na campanha do PMDB. O desfecho dos fatos, entretanto, não obteve a mesma publicidade, porque ficou demonstrado, de maneira clara, que o partido nada teve a ver com o episódio. O dinheiro em questão foi depositado em juízo por um dos advogados dos ex-servidores, Isaías Rodrigues, não deixando dúvidas a respeito da inocência dos que foram injustamente acusados. O senador Iris Rezende é um homem íntegro. Foi prefeito de Goiânia, governador de Goiás em duas ocasiões (sempre eleito pelo voto direto), ministro da Agricultura e da Justiça, nada existindo que possa comprometer a sua idoneidade."
Deusmar Barreto, assessor de imprensa do senador Iris Rezende (Brasília, DF)

Pelo real
"Fiel à política do governo de nada fazer para ver o que acontece, o presidente do Banco Central assiste de braços cruzados ao ataque especulativo contra a nossa moeda. Se o governo não possui recursos financeiros para proteger o real, que tal lançar mão de outras táticas? Punição aos especuladores já seria um bom começo."
Sérgio Fernandez Reinert (Campinas, SP)


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