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CUSTO E BENEFÍCIO
Os índices de inflação recentemente divulgados produziram
reações contrastantes. A maioria deles apresentou resultados bastante
favoráveis -como o IGP-M, que
apurou deflação de 0,26% em maio,
e o IPC-Fipe, que sustenta há várias
semanas ritmo de alta da ordem de
apenas 0,3% ao mês. São dados que
reforçam o diagnóstico de que a inflação claramente perde força. À luz
desses indicadores, muitos constataram, com alívio, maiores chances de
o Banco Central, enfim, animar-se a
reduzir a taxa de juros básica.
Porém justamente o índice que baliza a política de metas de inflação do
BC trouxe resultado menos animador. O IPCA teve alta, em maio, de
0,61%, um décimo de ponto percentual acima das expectativas do mercado. Embora a discrepância seja exígua, o resultado elevou o ceticismo
quanto à queda dos juros na reunião
do Copom na próxima quarta-feira.
A alta do IPCA acumulada no ano já
chegou a 6,8%. A meta de inflação
perseguida pelo BC é de 8,5%. Para
que ela seja atingida, portanto, nos
sete meses finais de 2003, o índice
não poderá subir nesse período mais
do que 1,6%. Sabendo-se que no segundo semestre haverá expressivas
elevações de tarifas de serviços públicos, mais do que nunca o cumprimento da meta parece difícil. Não
porque a inflação esteja fora de controle: longe disso, ela está em franca
desaceleração. Mas a desaceleração
adicional requerida para que a meta
pudesse ser cumprida exigiria imenso sacrifício da atividade econômica.
Seria esse sacrifício justificável?
Diante dos indicadores de queda da
atividade -registrou-se um "tombo" de 4,2% na produção industrial
em abril-, até mesmo analistas notoriamente conservadores passaram
a reconhecer a necessidade de se iniciar a redução da taxa Selic. Considerando ainda que os juros reais, com a
redução dos preços, aumentam, não
parece razoável que o Copom permaneça hipnotizado pela "resistência da inflação" e ignore a economia
real. Está claro que um relaxamento
da política monetária se tornou imperativo para impedir que uma espiral recessiva se instaure. O custo
-um ritmo ligeiramente mais lento
de desaceleração da inflação- seria
bem menor do que o benefício.
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