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ANISTIA COMERCIAL
Lamentavelmente , a Câmara
Municipal de São Paulo aprovou
a anistia ao comércio irregularmente
instalado em corredores da cidade,
como a alameda Gabriel Monteiro
da Silva e a avenida Pacaembu.
Anistias dessa natureza representam antes de mais nada uma injustiça, pois significam oferecer um prêmio àqueles que desrespeitaram a
lei. O argumento de que os lojistas
terão de pagar uma multa fica enfraquecido quando se verifica o entusiasmado apoio dos comerciantes ao
projeto. Fica a sensação de que as
sanções pecuniárias foram calculadas "por baixo" e de que a aventura
na ilegalidade "valeu a pena".
A nova lei parece também indefensável em termos de planejamento urbano. Pode-se por certo afirmar que
a vocação residencial dos corredores
em questão foi perdida, sendo natural, portanto, que o comércio se instale. Mas existem várias maneiras de
regularizar situações como essa. A
pior e mais injusta é a política do fato
consumado. Contando com a omissão ou a cumplicidade do poder público, pessoas ou grupos estabelecem construções ou atividades em
desacordo com a lei, contando que
mais tarde elas sejam regularizadas.
É essa prática nefasta que o Legislativo paulistano acaba de consagrar.
Pior, ainda o fez recorrendo à enigmática figura da "anistia provisória",
a ser ratificada na votação dos planos
diretores regionais. Se são realmente
os planos regionais que vão definir
se o comércio será legalizado, porque não esperar essa votação, prevista para o final deste ano?
O empenho da prefeitura em aprovar esse projeto, aliás, inspira muitas
perguntas. É perfeitamente razoável
que o Executivo seja a favor da anistia. Parece estranho, contudo, que tenha transformado esse problema,
em princípio da alçada do Legislativo, em questão de honra, tendo chegado até a ameaçar vereadores e criar
um cisma na bancada petista.
Certamente não é com esse espírito
que se deve proceder à discussão do
zoneamento da cidade.
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