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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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MARTA SALOMON

Vaias e greves

BRASÍLIA - Instrumento que projetou politicamente o ex-torneiro mecânico da Villares Luiz Inácio Lula da Silva, as greves estão mais difíceis de prosperar do que nunca no governo do presidente Lula. Eis a avaliação feita no Planalto diante da ameaça de greve de servidores.
Um dia depois do ato contra Lula, ontem os funcionários públicos ainda estavam divididos entre a posição da CUT e a das alas mais radicais da esquerda, encabeçadas pelo PSTU.
Por ora, a greve não tem o apoio do pessoal do Judiciário e do Legislativo, assim como dos servidores da Receita Federal, da Polícia Federal e do Banco Central -com maior potencial de incomodar alguém-, avaliam os próprios sindicalistas.
A situação é mais complicada na iniciativa privada, cujos trabalhadores não têm a aposentadoria integral, que os servidores querem manter, nem estabilidade no emprego.
As campanhas salariais serão inibidas não por ação do governo para cooptar sindicalistas ou por consideração a Lula, mas por um fantasma maior: o desemprego.
O Ministério do Trabalho rastreou os resultados das negociações salariais e concluiu que são mínimas as chances de um movimento generalizado por reindexação dos salários - um dos grandes temores do Planalto.
Um balanço parcial das negociações trabalhistas nos primeiros cinco meses de governo Lula feito pelo Dieese indica que a maioria dos acordos nem sequer conseguiu recuperar a inflação passada. Só 12% obtiveram reajustes acima da inflação.
A pauta que sindicatos patronais apresentaram para evitar demissões de metalúrgicos foi mais um sinal dos tempos bicudos. Fala-se até em redução de salário, segundo o relato de Claudia Rolli ontem na Folha.
O ex-sindicalista Lula já tem no seu currículo de governante as primeiras vaias de trabalhadores e as primeiras greves. A reforma da Previdência é o primeiro grande teste de relacionamento com os sindicatos. O maior deles será em setembro, mês dos dissídios dos bancários e dos petroleiros.


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