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IMAGEM DESGASTADA
Seria um grave equívoco atribuir apenas ao Legislativo a origem dos problemas que têm desgastado a imagem da classe política e indignado o país. O Executivo, sem dúvida nenhuma, é cúmplice nesse processo. Isso, porém, não exime o
Congresso Nacional de assumir suas
responsabilidades. A instituição tem
sido palco de sucessivos casos de fisiologismo, nepotismo e busca de
vantagens pessoais que golpeiam a
confiança da população na própria
eficácia da democracia.
Pesquisa Datafolha publicada na
semana passada mostrou que a reprovação ao desempenho dos congressistas aumentou em oito pontos
percentuais. Subiu de 28%, em dezembro de 2004, para 36%. A pesquisa constatou também que a avaliação
da Câmara é mais negativa do que a
do Senado. A parcela dos entrevistados que consideram o desempenho
dos deputados ruim ou péssimo subiu de 29% para 38% na comparação
com o levantamento anterior.
Ao que parece, a crise de credibilidade do Legislativo veio se agravando desde que o Planalto, em sua desastrosa articulação política, deu espaço para a ascensão de um parlamentar conhecido como "o rei do
baixo clero" à presidência da Câmara. Embora não reflitam as convicções de todos os membros das duas
Casas, os espetáculos promovidos
pelo deputado Severino Cavalcanti
em defesa do "é-dando-que-se-recebe", da contratação de parentes e da
elevação dos salários da corporação
serviram para aumentar o repúdio
aos políticos e reforçar a idéia de que
usam a vida pública apenas para extrair benefícios pessoais.
Agora, quando novas denúncias
chegaram a público, dando conta de
um esquema de pagamento de "mesadas" com dinheiro de empresas e
estatais a parlamentares, o cenário
tende a se agravar. É de esperar que
deputados e senadores, sob a vigilância da opinião pública, se comprometam com a rigorosa apuração dos
fatos. A CPI é a chance para o Legislativo demonstrar que é capaz de
pensar antes no interesse do país e da
democracia do que em suas conveniências de ocasião.
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