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GASTOS MILITARES
É preocupante a notícia de
que os gastos militares globais
ultrapassaram no ano passado a barreira de US$ 1 trilhão. É a primeira
vez que isso acontece desde a Guerra
Fria. Estudo divulgado pelo respeitado Instituto Internacional de Pesquisas sobre a Paz de Estocolmo (Sipri)
revela que o mundo gastou US$
1,035 trilhão em rubricas militares. É
algo como duas vezes toda a riqueza
que o Brasil produz em um ano.
O total é apenas 6% menor em termos reais do que o valor gasto em
1987/88, no auge de despesas da
Guerra Fria. Os EUA respondem por
cerca de metade do total de gastos.
Os países que mais aumentaram
sua fatia de investimentos bélicos foram a Índia e a China. A primeira elevou suas despesas em 19% em relação ao ano anterior. Não será surpresa se esse incremento frustrar as tentativas de entendimento com o vizinho e rival Paquistão. Para efeitos de
comparação, a média mundial de aumento dos gastos foi de 6%.
Já a majoração chinesa atingiu
10%. Com ela, Pequim já detém 4%
do total de gastos militares, a quinta
posição do planeta. Vale notar que a
estimativa do Sipri para a China é
70% maior do que o admitido oficialmente pelas autoridades.
O Sipri adverte que o total de gastos
pode estar ligeiramente subestimado
devido ao recente fenômeno da terceirização do treinamento militar e
da logística em zonas de combate,
que não são computados como despesas bélicas.
Em termos globais, o total de gastos equivale a 2,6% do PIB mundial.
O lamentável é que a redução de despesas, que parecia possível após o final da Guerra Fria, não se materializou. Os montantes foram de fato
caindo, mas já voltaram a subir
-em especial após o atentado de 11
de setembro de 2001. A prosseguir
no atual ritmo, neste ano ou no próximo já se atingirá os níveis de 1987.
E US$ 1 trilhão por ano é dinheiro
mais do que suficiente para acabar
com a fome e eliminar várias das
doenças que afligem a humanidade.
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