São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2005 |
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Santas casas em perigo
ANTONIO BRITO
Os números de atendimentos ao SUS, em sua maioria direcionados à população de baixa renda, são consideráveis. Basta observarmos que 39,9% das internações e 41% dos partos normais e cesarianas, por exemplo, são realizados pelo setor filantrópico de saúde. E, ainda, que esse setor é responsável pela geração de cerca de 450 mil empregos diretos, campo de trabalho para 140 mil médicos autônomos e a realização de 1,2 milhão de consultas ambulatoriais especializadas por mês. É inegável a posição preferencial de parceria das santas casas e hospitais filantrópicos na promoção de ações de saúde e assistência social com os governos municipais, estaduais e federal, conforme, inclusive, previsto nos artigos 199 da Constituição Federal e 25 da lei nš 8.080/90. Essa situação gera uma relação de interdependência entre o governo e essas instituições que deve se constituir em reconhecimento mútuo, do qual o grande beneficiário é a população brasileira. Infelizmente, essa relação mostra-se em desequilíbrio, de forma tal que as santas casas e hospitais filantrópicos prestam serviços ao Sistema Único de Saúde e são remunerados por tabelas defasadas. Ao longo dos últimos anos, as tabelas foram corrigidas sem que fosse acompanhado o crescimento dos custos hospitalares, a exemplo de dissídios coletivos, materiais e medicamentos, abastecimento de água e energia elétrica, entre outros. Se a conta entre a receita oriunda dos serviços pagos pelo SUS e as despesas para manutenção da estrutura adequada para a sua prestação não fecha, ou melhor, fecha no vermelho, o resultado é justamente a crise no setor filantrópico de saúde que está ocorrendo de Norte a Sul do Brasil. As tabelas do SUS precisam ser reajustadas, com brevidade, pelo governo federal, permitindo que os serviços prestados sejam remunerados com valores justos e adequados, e que os eventuais resultados possibilitem a essas entidades ampliar suas ações sociais, reinvestir na atualização tecnológica de equipamentos e infra-estrutura, além de capacitar de forma continuada seu corpo técnico e gerencial. Faz-se necessário, portanto, que o governo federal, com o apoio do Congresso Nacional, altere e corrija o rumo dessa situação, aportando novos recursos financeiros ao SUS, sob pena de ocorrer o fechamento das santas casas e hospitais filantrópicos, com conseqüência direta e danosa para a sociedade. Principalmente aos menos favorecidos, que assistirão a história dessas entidades seculares irem chegando a um triste fim no Brasil. ANTONIO BRITO, 38, é presidente da Confederação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Brasil. Foi presidente do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social). @ - fedstas@cpunet.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIA/DEBATES Adib Jatene: Funcionário: público x da população Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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