São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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ANTONIO DELFIM NETTO

Vantagem estratégica

ESPERA-SE para 2007 uma mudança na composição e, provavelmente, uma pequena redução do crescimento mundial.
A tabela abaixo dá uma idéia (sempre sujeita a chuvas e trovoadas) de como, visto do final do primeiro semestre, se acredita terminará o "annus mirabilis" de 2007.




Os números mostram a contribuição relativa de cada região ou país para o crescimento mundial. Por exemplo, como o "peso" dos EUA no PIB mundial em paridade do poder de compra (PPP) é de 20%, se ele crescer 2,1%, sua contribuição ao crescimento mundial será de 0,42% (20% x 2,1% = 0,42%). Ao lado da China, temos as chamados NEIs, as Novas Economias Industrializadas (Hong Kong, Coréia do Sul, Taiwan e Cingapura), cujas economias somadas já são iguais à dos EUA e da União Européia. A tabela revela alguns fatos interessantes. Primeiro, que os países desenvolvidos já representam menos de metade da produção mundial. Hoje, sua contribuição ao crescimento mundial é da ordem de 1%, em torno de 20% do crescimento total. Oitenta por cento da taxa do crescimento mundial se deve ao "mundo emergente", dentro do qual estamos incluídos.
O segundo fato é que o bloco asiático no qual se inclui o Japão já gera 1/4 da produção mundial, e eles estão trabalhando seriamente num acordo de livre comércio.
Quando, e se concluído, este lhes dará importante vantagem estratégica: garantirá um crescimento endógeno bastante alto, mesmo numa eventual recessão nos EUA e na Europa. Os outros emergentes (incluído o Brasil) respondem por 36% da produção mundial, mas são menos articulados do ponto de vista comercial e, portanto, muito mais vulneráveis à conjuntura global. Esses fatos revelam a pobreza e o perigo da estratégia comercial brasileira no longo prazo. Temos certa razão em insistir no multilateralismo para enfrentar o "protecionismo" dos EUA e da Comunidade Européia, mas a ênfase exagerada no Mercosul pode ter um custo muito alto no futuro. Ainda mais pelas idiossincrasias gestadas na recente evolução política na velha e, aparentemente irrenovável, América Latina.

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.


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