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FERNANDO RODRIGUES
Lula e o PIB
BRASÍLIA - Como bem escreveu
Oscar Pilagallo na Folha nesta semana, a relação entre economia e
política não é tão direta como na
frase do marqueteiro James Carville ("é a economia, estúpido").
Há exemplos de políticos se dando bem com a economia em desarranjo. Fernando Henrique Cardoso
se reelegeu em 1998 mesmo com o
PIB brasileiro estagnado.
Já outros perdem mesmo quando as finanças do país dão sinais de
reação. Em 1984, o Brasil cresceu
5,4%. Em 1985, o percentual foi de
7,9%. Ainda assim, o momento era
de mudança. O candidato governista a presidente, Paulo Maluf, foi
derrotado no Colégio Eleitoral.
Os casos em que políticos sofrem
reveses eleitorais apesar de a economia estar andando para a frente
são curiosos, porque nada têm a ver
com as finanças do país. São momentos em que a população resolve
mudar. É uma força difícil de conter. Atropela o establishment.
Mas, quando há um desejo de
continuidade, vale a mesma lógica.
Essa é a variável trabalhada pelos
lulistas. Propagam a interpretação
de cristalização iminente de um desejo continuísta no eleitorado. O
PIB reagindo e apontando para um
crescimento em 2010 seria só a cereja num bolo político cuja preparação está em curso.
Pela estratégia traçada no Planalto, Lula repetirá o mesmo caminho
de outros políticos. Venderá um
oximoro ao eleitor: avance parado,
não mude para ir adiante. Franco
Montoro elegeu Orestes Quércia
governador de São Paulo. Paulo
Maluf emplacou Celso Pitta prefeito paulistano. Por obra de prestidigitação política, o eleitor de Quércia acreditou estar elegendo Montoro. O de Maluf enxergou em Pitta
a perenização do malufismo.
Em todos esses casos, o criador
sempre era muito mais popular do
que a criatura. Dá-se o mesmo com
Lula e Dilma Rousseff. E o petista
ainda terá o PIB a seu favor.
frodriguesbsb@uol.com.br
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