São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Sobre o bem comum

O grande mal que ameaça o mundo contemporâneo, na minha forma de ver, é a existência de um corpo social que pode se desintegrar, como consequência de um individualismo que leve cada um a pensar apenas no próprio bem-estar e nos seus objetivos particulares.
Esse é um comportamento a evitar, mediante a formulação de um pacto essencialmente educativo, que começa em casa e prossegue na escola, capaz de fazer de cada cidadão um corresponsável pelo destino das comunidades das quais faz parte: seu país, seu Estado, sua cidade, seu bairro, sua rua. E também capaz de incutir nas pessoas o espírito de servir ao próximo como uma conduta diária.
Os fundamentos da nação que nós, brasileiros, estamos construindo -democracia política, economia de mercado, liberdade de pensamento e convivência sem conflitos de credos, etnias, ideologias e valores- são, sem dúvida, os melhores possíveis.
Mas mesmo as sociedades que se baseiam em princípios superiores e nobres não deixam de ser criações humanas e, como tal, imperfeitas -porque assim também são as pessoas.
O Brasil será um país melhor quando cada brasileiro preocupar-se com o bem comum, e não só com suas prerrogativas e direitos individuais. Preocupar-se com o bem comum significa ser prestativo, disposto a liderar e a ser liderado em prol de todos, participante das decisões que dizem respeito ao interesse coletivo e sujeito ativo das transformações que o avanço social exige.
São tais atributos que destacam um indivíduo entre seus pares. Mas, para pô-los em prática, é preciso que cada homem e cada mulher nutram em relação ao espaço público a sensação de também serem "donos" do mesmo. Sim, donos: não para excluir quem quer que seja, mas para que tenham motivos e ânimo de protegê-lo e melhorá-lo.
A responsabilidade de solucionar os problemas de uma comunidade é do indivíduo que a habita, acima de tudo.
Poder público e iniciativa privada podem -e devem- ajudar, mas uma nação de empreendedores e cidadãos engajados será sempre melhor que uma formada por sujeitos dependentes da boa vontade do Estado para resolver os seus problemas.
Advogo que cada um aproprie-se de seu papel cívico de forma integral. Um homem deve ser responsável por seus atos e pelos efeitos de seus atos. Escolhas são livres, é claro, mas têm consequências.
Decidamos nós, brasileiros, pelo cuidado contínuo com o bem-estar de todos, neste momento em que a história de nosso país, aparentemente, faz uma curva rumo a um futuro melhor.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br


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