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EMÍLIO ODEBRECHT
Sobre o bem comum
O grande mal que ameaça o
mundo contemporâneo, na
minha forma de ver, é a existência de um corpo social que
pode se desintegrar, como
consequência de um individualismo que leve cada um a
pensar apenas no próprio
bem-estar e nos seus objetivos
particulares.
Esse é um comportamento a
evitar, mediante a formulação
de um pacto essencialmente
educativo, que começa em casa e prossegue na escola, capaz de fazer de cada cidadão
um corresponsável pelo destino das comunidades das
quais faz parte: seu país, seu
Estado, sua cidade, seu bairro,
sua rua. E também capaz de
incutir nas pessoas o espírito
de servir ao próximo como
uma conduta diária.
Os fundamentos da nação
que nós, brasileiros, estamos
construindo -democracia política, economia de mercado,
liberdade de pensamento e
convivência sem conflitos de
credos, etnias, ideologias e valores- são, sem dúvida, os
melhores possíveis.
Mas mesmo as sociedades
que se baseiam em princípios
superiores e nobres não deixam de ser criações humanas
e, como tal, imperfeitas -porque assim também são as
pessoas.
O Brasil será um país melhor quando cada brasileiro
preocupar-se com o bem comum, e não só com suas prerrogativas e direitos individuais. Preocupar-se com o
bem comum significa ser prestativo, disposto a liderar e a ser
liderado em prol de todos, participante das decisões que dizem respeito ao interesse coletivo e sujeito ativo das transformações que o avanço social
exige.
São tais atributos que destacam um indivíduo entre seus
pares. Mas, para pô-los em
prática, é preciso que cada homem e cada mulher nutram
em relação ao espaço público
a sensação de também serem
"donos" do mesmo. Sim, donos: não para excluir quem
quer que seja, mas para que tenham motivos e ânimo de protegê-lo e melhorá-lo.
A responsabilidade de solucionar os problemas de uma
comunidade é do indivíduo
que a habita, acima de tudo.
Poder público e iniciativa
privada podem -e devem-
ajudar, mas uma nação de empreendedores e cidadãos engajados será sempre melhor
que uma formada por sujeitos
dependentes da boa vontade
do Estado para resolver os seus problemas.
Advogo que cada um aproprie-se de seu papel cívico de
forma integral. Um homem
deve ser responsável por seus
atos e pelos efeitos de seus
atos. Escolhas são livres, é claro, mas têm consequências.
Decidamos nós, brasileiros,
pelo cuidado contínuo com o
bem-estar de todos, neste momento em que a história de
nosso país, aparentemente,
faz uma curva rumo a um futuro melhor.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.
emilioodebrecht@uol.com.br
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