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Orçamento paralelo
O CONGRESSO Nacional deverá votar amanhã o Projeto de Lei das Diretrizes
Orçamentárias (LDO) para 2010,
que estabelece as regras a serem
seguidas pelo governo na execução do Orçamento do próximo
ano. É uma boa oportunidade
para que se discutam iniciativas
que possam restringir uma prática recorrente, a qual torna pouco
transparente o manejo do dinheiro público.
Trata-se da realização, em um
determinado exercício, de despesas aprovadas em anos anteriores, em paralelo aos gastos autorizados para o ano. Os chamados "restos a pagar" são dispêndios que, geralmente por deficiências de gestão da máquina
pública, acabam não ocorrendo
no exercício para o qual foram
aprovados. São "carregados" para anos seguintes, na expectativa
de que possam ser efetivados.
O expediente não é ilegal, mas
a forma como vem sendo utilizado desvirtua o conteúdo da própria Lei Orçamentária, já que o
governo acaba por executar dois
orçamentos simultaneamente.
Em seu relatório sobre as contas
do governo federal de 2008, o
Tribunal de Contas da União verificou que o volume de despesas
que acabam sendo deixadas para
anos seguintes tem sido crescente nos últimos anos.
Segundo o TCU, só em 2008
mais de R$ 90 bilhões -ou 13%
do Orçamento não financeiro-
foram transferidos para o exercício atual, incluindo despesas daquele ano e de anos anteriores.
Esse enorme orçamento paralelo torna o gasto do governo
pouco transparente, dá margem
a manipulação de resultados fiscais e prejudica o acompanhamento das contas públicas pela
sociedade. Os congressistas
prestariam um grande serviço ao
país se discutissem a inclusão, na
LDO, de um dispositivo que limitasse essa prática.
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