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MARINA SILVA
Dupla prevenção
O TABAGISMO está no topo da
lista dos maiores problemas
de saúde pública mundial.
Mata mais do que a Aids, a malária
e a varíola juntas. No Brasil, é responsável pela morte de 200 mil
pessoas por ano.
Para o meio ambiente, é igualmente destrutivo. Florestas são devastadas para alimentar os fornos
que secam as folhas do fumo. Para
cada 300 cigarros produzidos, uma
árvore é queimada. Os plantadores
de fumo usam agrotóxicos em
grande quantidade, causando danos à própria saúde e aos ecossistemas. Cerca de 25% dos incêndios
são provocados por pontas de cigarro. E os filtros descartados, que
sujam ruas e jardins e poluem lagos, rios e mares, demoram cem
anos para se degradarem.
Se não bastasse, o artigo do médico Luiz Antônio Santini ("Tendências/Debates", 9/7) mostra a estratégia perversa de adicionar sabores ao tabaco para atrair crianças e adolescentes ao vício, transformando-os em consumidores
regulares.
O que sabemos hoje sobre os danos provocados pelo tabaco nos
obriga a intensificar as ações. Foi
banida a propaganda enganosa,
que prometia charme e elegância e
vendia doença, mas, apesar dessa e
de outras conquistas, o estrago
continua grande, atingindo diretamente os não fumantes.
Dados da Organização Panamericana da Saúde demonstram que a
fumaça do tabaco tem três vezes
mais nicotina e 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a aspirada pelos tabagistas. Num recinto
fechado, em oito horas, o não fumante terá consumido o equivalente a dez cigarros, aumentando
em até duas vezes o risco de contrair câncer de pulmão.
Temos ainda que considerar os
gastos públicos e privados para fazer frente às doenças provocadas
pelo tabagismo. Em contrapartida,
não há estudo sério que comprove
impacto econômico negativo advindo da vigência de leis antifumo.
A defesa do direito de fumar como exercício da liberdade individual não pode justificar a invasão
do direito coletivo a um meio ambiente livre da poluição do tabaco.
Afinal, a liberdade mais importante deve ser a de ter valorizada a própria existência e a dos demais seres
vivos.
Temos razões suficientes para
avançar em medidas consistentes
para a redução e o controle do tabaco, como vem sendo feito pelo Ministério da Saúde, em parceria com
o Instituto Nacional do Câncer e
outras instituições, e em Estados
como São Paulo.
No Senado, temos
o projeto 315/08, do senador Tião
Viana, que está na Comissão de
Constituição e Justiça, e ao qual
elaborei parecer pela aprovação.
Será um passo adiante em defesa
da saúde pública e um bem-vindo
desestímulo a um vício tão letal.
contatomarinasilva@uol.com.br
MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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