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Refém do corporativismo
VALDO CRUZ
Brasília - A saída do governador Vitor Buaiz (ES) do PT é a síntese do que
acontece com a legenda em todo o
país: o partido se tornou vítima do
corporativismo estatal, uma das suas
principais bases de apoio.
O enfraquecimento do sindicalismo
privado, berço do partido, levou o PT
a se apegar aos sindicatos de servidores públicos.
Isso acabou levando os petistas a viver um impasse nos locais onde são
governo: como colocar a casa em ordem sem atingir os interesses e até alguns privilégios dos funcionários públicos, seus eleitores?
Uma tarefa impossível, diante do inchaço da máquina pública e de estatais ineficientes. Buaiz percebeu isso e
não conseguiu governar com o PT.
Algo parecido acontece com o também governador petista Cristovam
Buarque (DF). Ele adotou idéias inovadoras, como a bolsa-escola, reduziu
a violência no trânsito e vem cuidando bem da cidade.
Apesar disso, não escapa das críticas
dos funcionários públicos e de líderes
do partido na capital. Nas pesquisas
de opinião, sempre aparece com uma
avaliação ruim.
A situação vivida pelos dois governadores mostra que o partido não tem
escolha. Ou enfrenta a resistência das
entidades sindicais vinculadas ao Estado ou se transforma num eterno refém do corporativismo.
A saída de Buaiz do PT me faz recordar uma conversa com deputados do
PT de Minas Gerais, no ano passado.
O assunto era a administração petista
de Patrus Ananias na Prefeitura de
Belo Horizonte.
O que mais ouvi foram críticas ao
então prefeito. Disse que achava estranho. Minha família mora em Belo Horizonte, ninguém é petista, mas todos
elogiavam o governo Patrus Ananias.
Afinal, quem estaria certo? -perguntei aos petistas da mesa. A resposta foi decepcionante: "Olha, pra falar
a verdade, o Patrus está fazendo um
bom governo. Mas a gente não pode
apoiá-lo. É desvio ideológico mesmo".
Precisa falar mais alguma coisa?
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