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FERNANDO RODRIGUES
Eutanásia incerta
BRASÍLIA - A que ponto chegou a administração federal do PT. O melhor
cenário previsto para o presidente
Lula é torcer para seu governo sobreviver vegetando até dia 31 de dezembro de 2006. Está como um doente
terminal numa UTI. Tem danos no
cérebro ainda não totalmente conhecidos. Talvez nunca mais consiga caminhar. Suas funções vitais são mantidas por aparelhos.
As máquinas e os tubos impedindo
a transformação de Lula num cadáver político atendem pelo nome de
popularidade e economia.
A aprovação do petista vem caindo.
Mas são respeitáveis os 31% de "bom
e ótimo" e os 41% de "regular". Nenhum grupo político de relevância
defende em público uma eutanásia
para o governo. OK, a palavra impeachment é usada abertamente. Só
que para recomendar cautela. "Não
adianta querer impor o impedimento sem vontade popular", analisa o líder do PFL no Senado, José Agripino.
Esse é o consenso em Brasília. Mesmo depois das últimas duas bombas.
Primeiro, a confissão de Duda Mendonça sobre o caixa dois do PT em
2002. Depois, a entrevista do ex-deputado Valdemar Costa Neto à revista "Época" acusando Lula de saber
do acerto financeiro traficado entre o
PL e a direção petista.
Se o Brasil fosse o Japão, alguns deputados cometeriam suicídio pulando de uma das torres do Congresso.
Se o Brasil fosse a Suécia, possivelmente alguns já estariam cassados,
inclusive o presidente da República.
Mas aqui é o Brasil. Outro padrão.
E tem a economia. Em setembro de
1992, ao sofrer o impeachment, Fernando Collor segurava uma inflação
anual de 1.131,47% (Fipe) -e só 9%
de aprovação no Datafolha. Hoje, a
alta de preços nos últimos 12 meses
foi de 6,2%. É muito diferente. Eutanásia e/ou impeachment do governo
federal não é algo tão próximo como
possa parecer. A maior característica
da atual crise é o alto grau de imprevisibilidade de seu desfecho. Nunca
nos esqueçamos. Aqui é o Brasil.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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