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ELIANE CANTANHÊDE
Todos contra um
BRASÍLIA - Não bastasse estar há
dois anos em campanha para Dilma, Lula agora coloca o governo inteiro ostensivamente à disposição
da candidata. Entrou no vale-tudo.
Foi só os candidatos botarem a
cara (e as ideias, táticas, erros e
acertos) no horário nobre da principal TV do país, e lá está Lula intensificando o ataque e a defesa de Dilma. Quando ele dá uma bronca e
manda os ministros trabalharem,
leia-se: trabalharem para Dilma.
A primeira parte da estratégia foi
a tabelinha entre o discurso da candidata e a "agenda positiva" do governo, forçando uma coincidência
entre o que ela fala e o que os ministros anunciam ou requentam.
Exemplo: o Ministério do Trabalho anunciou o total de empregos
gerados em 2009 justamente no dia
do debate da Band.
A segunda parte da estratégia foi
a divulgação ostensiva de dados
que confrontam os governos FHC e
Lula, com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, subestimando os
dados de um, superestimando os
do outro e servindo de garoto-propaganda da campanha petista.
Exemplo: um dos quadros de
Mantega, segundo o repórter Gustavo Patu, informa que a média de
crescimento dos oito anos do tucano foi de 3,5%, mas não considera o
primeiro ano, que aumenta esse
percentual para 6,2%. De 6,2% para
3,5%, assim, na cara dura.
A terceira foi botar os ministros e
seus assessores, pagos com dinheiro público, para monitorar tudo o
que Serra faz e "desconstruir" os
dados, o discurso e a imagem de
bom gestor do principal adversário.
Exemplo: o Ministério dos Transportes produz a contestação a dados expostos por Serra e joga nos sites amigos e na campanha.
Imagine-se agora se FHC pusesse
Pedro Malan, Pedro Parente e duas
dezenas de ministros para fazer a
campanha de Serra contra Lula em
2002? Seria um escândalo.
É a ética da luta sindical: contra
eles, não pode, é escândalo; contra
os outros, sempre pode tudo.
elianec@uol.com.br
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