JACQUES ROGGE

Se os jovens decidirem seguir adiante com os esportes como carreira, devem ter consciência de que essa não é ocupação para toda a vida

A partir de amanhã, vamos assistir à primeira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, um acréscimo de valor ao rol da Olimpíada.
Haverá modalidades novas, como basquete de rua, provas de revezamento na piscina e triatlo com equipes mistas (com atletas dos dois gêneros); haverá até mesmo provas com equipes mistas de nacionalidades diferentes.
Tudo isso visa agradar um público mais jovem e inspirar os atletas jovens. Mas, sejam quais forem as mudanças e os experimentos, o que é mais importante e que está no centro dos Jogos Olímpicos da Juventude é, evidentemente, o foco em atletas jovens. Por que, então, essa atenção muito intencional voltada aos jovens?
Como organizador do maior evento esportivo do mundo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) entende que tem a responsabilidade de preparar atletas jovens para seu futuro.
O próprio esporte é uma grande ferramenta educativa para os jovens. Mas seria irresponsabilidade da parte do mundo esportivo adotar uma abordagem de "laissez-faire" quanto a seus atletas jovens, simplesmente torcendo para que o ato de participar de esportes lhes confira as habilidades de que necessitam para enfrentar e superar obstáculos, tanto no campo do esporte quanto fora dele.
Os Jogos Olímpicos da Juventude, que terão lugar entre 14 e 26 de agosto, em Cingapura, têm por objetivo promover competições de alto nível em 26 modalidades esportivas e, ao mesmo tempo, dar orientação e incentivo a cerca de 3.600 dos melhores atletas do mundo na faixa dos 14 aos 18 anos.
Além de duas semanas de competições de primeiro nível, os atletas vão participar de uma larga gama de atividades culturais e educativas que têm por objetivo equipá-los com as habilidades necessárias para tomar decisões refletidas e inteligentes na vida.
O programa vai cobrir uma grande gama de tópicos, incluindo o benefício de levar estilos de vida saudáveis, os perigos do doping e o valor da amizade, da solidariedade e do "fair play".
Queremos prover os atletas das ferramentas para assumirem o controle de seus futuros. Se eles optarem por seguir adiante com os esportes como carreira, devem ter plena consciência de que essa não é uma ocupação para toda a vida.
A comunicação com os atletas ainda adolescentes, que são potencialmente mais receptivos que seus pares mais velhos, é crucial.
Para isso, estamos buscando nos comunicar das maneiras mais modernas e interativas possíveis. Os Jogos Olímpicos da Juventude têm uma presença forte e crescente em plataformas de mídia social como Facebook, YouTube e Twitter.
Criamos torneios que desafiam a comunidade on-line a se afastar das telas dos computadores e ficar ativa. Recrutamos a ajuda de alguns dos maiores atletas do mundo, incluindo Usain Bolt, Yelena Isinbaeva e Michael Phelps, para dar suporte aos atletas, atuando como exemplos e compartilhando suas experiências e seus "insights".
Acima de tudo, os Jogos Olímpicos da Juventude e as atividades culturais e educativas precisam ser divertidos. Eles proporcionarão aos atletas uma chance de competir, de aprender e de compartilhar experiências com outros jovens.
É nossa grande esperança que os atletas atuem como embaixadores e sejam ativos em suas comunidades, compartilhando o que aprenderam quando retornarem de Cingapura. Se os Jogos Olímpicos da Juventude puderem ajudar a mostrar à juventude do mundo um caminho para um futuro melhor, mais iluminado e saudável, teremos conseguido nosso intento.
E, em muito pouco tempo, os Jogos Olímpicos da Juventude se tornarão uma parte tão indispensável do calendário olímpico quanto seus irmãos "adultos", os Jogos Olímpicos.

JACQUES ROGGE é presidente do Comitê Olímpico Internacional.

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