São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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A saúde das empresas

Companhias brasileiras têm risco menor do que em 2008 de sofrer com alta acentuada do dólar, se ela vier; nível dos estoques, contudo, é elevado

Um elemento determinante para dimensionar o impacto da crise dos países desenvolvidos sobre a economia brasileira é a situação das empresas que aqui operam.
Vale examinar, por exemplo, o quanto estão expostas ao risco de eventual alta acentuada do dólar e como andam seus estoques.
A dívida externa das empresas brasileiras -cujo peso, em reais, aumenta quando sobe a cotação do dólar - vem crescendo. Passou de US$ 144 bilhões, em setembro de 2008, para US$ 206 bilhões.
Já a parcela dessa dívida com vencimento em até 12 meses cresceu bem menos, de US$ 47 bilhões para US$ 50 bilhões. Isso é positivo, pois indica não haver uma concentração expressiva de vencimentos no futuro próximo.
As empresas, porém, incorrem em risco cambial também com operações financeiras domésticas. Quando, em 2008, a cotação do dólar disparou com violência no Brasil, uma das causas foram compras de dólares desesperadas por algumas grandes empresas que tinham apostado de forma arriscada no fortalecimento do real.
Essas empresas quebraram, o que talvez tenha servido de lição para as demais. O fato é que os recentes repiques da cotação do dólar, suscitados pela turbulência nas finanças globais, têm sido bem menos dramáticos que os de 2008. Um sinal de que, desta feita, não haveria empresas de porte repetindo aquelas apostas tresloucadas na apreciação do real.
Quanto aos estoques, interessa investigá-los porque, se estiverem muito altos, maior será o freio na produção quando se deteriorarem as expectativas de vendas futuras e disponibilidade de crédito.
Informações sobre estoques industriais no Brasil são escassas. Apenas dois setores -veículos e aço- têm registros quantitativos disponíveis. Nos dois casos, as cifras recentes não são animadoras.
Segundo a Anfavea, associação do setor automotivo, montadoras e concessionárias detinham, em julho, 370 mil unidades. O dado corresponde a 36 dias de vendas, acima do nível considerado normal (27 dias). Já os distribuidores de aço mantinham em estoque, em julho, volume correspondente a 3,4 meses de vendas -acima dos 2,5 meses de comercialização que consideram normais.
Levantamentos qualitativos da Fundação Getúlio Vargas e da Confederação Nacional da Indústria apontam na mesma direção: há mais empresas com estoques tidos como excessivos que empresas com estoques insuficientes.
Diante da maior incerteza nas finanças globais, o nível dos estoques prenuncia uma contenção do produto industrial no terceiro trimestre. Nada, porém, que ameace a previsão de crescimento de 3,5% a 4% do PIB em 2011.


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