São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Muito além do Rio

Dois episódios de violência no Rio de Janeiro, nesta semana, lançaram sombras sobre os inegáveis avanços na segurança pública do Estado, refletidos na queda dos índices de criminalidade.
No mais recente, uma juíza rigorosa na condenação de quadrilhas de traficantes, milicianos e policiais foi assassinada em seu carro. Dias antes, cinco passageiros saíram feridos do desastrado ataque de policiais militares a um ônibus sequestrado por facínoras.
A participação de policiais no primeiro crime é ainda apenas uma suspeita. Não deixa de ser lamentável, contudo, que pareça plausível o envolvimento de agentes da lei nessa tentativa sanguinária de intimidar magistrados independentes e rígidos. Se não há fronteira clara a separar policiais de bandidos, o combate ao crime começa corroído por dentro.
Em que pesem os esforços de pacificação do governo do Rio, uma cultura de violência ainda permeia as forças policiais, não só lá como em todo o Brasil, sobretudo em algumas corporações de policiais militares que toleram -ou incentivam- a morte de suspeitos, sob a coberta dos famigerados "autos de resistência" (houve 855 deles, no Rio, em 2010).
A esse mal de origem se soma o despreparo policial, evidenciado no caso dos disparos contra o ônibus com reféns. Não é, por certo, outro problema exclusivo do Rio.
Para citar um exemplo recente, pesam sobre integrantes da PM paulista suspeitas muito mais graves do que a de imperícia no caso da morte de seis ladrões que assaltavam caixas eletrônicos em um supermercado. Os policiais que participaram da ação são acusados de desviar câmeras de segurança para longe da cena de combate aos bandidos.
A melhoria técnica na atuação de policiais, com menos violência e mais inteligência, depende de treinamento nas academias de polícia, em geral deficiente. No caso do Rio, impõe-se o dilema entre quantidade e qualidade: boa parte dos avanços obtidos resulta do simples incremento da presença policial. Áreas antes negligenciadas contam hoje com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
O governo fluminense se vê pressionado a formar um número cada vez maior de policiais, tanto para expandir o alcance das UPPs quanto para dotar a capital e o Estado de um policiamento à altura de eventos como a Copa de 2014. Mas esse é um desafio para todos os governos, não só o do Rio, e pede envolvimento mais direto de Brasília na reforma e na capacitação de toda a corporação policial.


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