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Seis por meia dúzia
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Hildebrando Pascoal nega,
mas por via das dúvidas deputados e
policiais foram ao Acre para tentar localizar a seguinte peça: uma fita de vídeo em que ele apareceria serrando, literalmente, pernas e braços de um desafeto.
A fita não foi encontrada, mas a autópsia do cadáver confirma um quadro espantoso: o sujeito existia e foi
serrado, sim, ainda vivo. Além disso,
furaram seus dois olhos.
Hildebrando Pascoal, como a esta
altura todo mundo já sabe, é aquele
deputado federal do PFL acusado de
liderar um esquadrão da morte e que
está à beira de perder o mandato. Possivelmente por "falta de decoro parlamentar".
Bem, essas coisas banais, tão comuns no cotidiano, fazem parte também da crônica política e do Congresso Nacional em Brasília. Enquanto todo mundo se pergunta como pode um
cidadão com a ficha assim suja, com a
alma conturbada e sob suspeitas tão
eloquentes ser eleito "representante do
povo". Virar deputado ou senador.
Considerando que o eleitor vota com
as armas que tem -ou principalmente as que não tem-, o jeito é a gente ir
assistindo aos filmes de horror e aos
julgamentos caso a caso de cidadãos já
devida ou indevidamente eleitos e donos de mandato.
O pior é que nem sempre a cassação
resolve o problema. No caso de Hildebrando Pascoal, por exemplo, diz-se
que o seu suplente não chega a ser exatamente flor que se cheire. Seria suspeito de formação de quadrilha, corrupção, estelionato, peculato, falsidade ideológica e "otras cositas más".
Bem, mas do que o sr. e a sra. estão
reclamando? Pelo menos ele não sai
por aí serrando pernas, braços, olhos e
almas de pessoas vivas. Já é um avanço, não é?
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