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Mais um "xou"
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Pelo menos um mérito deve ser reconhecido na desavença pública que o ministro José Serra teve com a apresentadora de programas
infantis e garota-propaganda Xuxa
Meneghel.
Com sua crítica à opção da moça de
ter uma filha em "produção independente", Serra conseguiu o que muitos
consideravam impensável: extrair dela uma declaração política e, principalmente, crítica ao governo.
Desde o dia em que foram feitas as
declarações, no começo da semana, as
divergências se sucederam: Xuxa tem
todo o direito de gerar filhos da maneira que melhor lhe convier, dizem
uns; o ministro tem toda a razão de
apontar o "mau exemplo" que Xuxa
estaria dando para adolescentes despreparadas e potenciais mães solteiras, garantem outros.
Posições pessoais à parte, o importante é notar que a aparente intromissão, certa ou errada, do ministro na
vida pessoal de Xuxa levou esta a se
manifestar crítica e publicamente com
relação a uma das principais aflições
deste país, que é a saúde pública, dando ao tema mais visibilidade.
Menos mal.
Outras questões polêmicas também
podem ser extraídas do caso: a privacidade das personalidades públicas, a
eficiência do governo e a atuação de
seus funcionários e a influência da televisão na vida íntima das pessoas,
além de sua capacidade de gerar debates como esse -afinal, ministro e
artista se opuseram, primeiro, via TV.
São temas importantes, sem dúvida,
mas que deveriam ser discutidos de
maneira mais produtiva. Não como se
estivéssemos todos num programa de
auditório.
O mundo não acabou com o eclipse
e tudo indica que atravessaremos esta
sexta-feira, 13 de agosto. Mas ainda
resta o 9/9/99.
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