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São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2003

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MOVIMENTO SUSPEITO

O uso de informações privilegiadas com vista a ganhos no mercado financeiro é um problema global. No Brasil, não seria diferente, especialmente tratando-se de um país no qual as fronteiras entre o público e o privado mostram-se frequentemente mais tênues do que o desejável. É conhecido, no país, o entra-e-sai de profissionais ligados a instituições financeiras ou grupos econômicos de cargos públicos com importância estratégica.
Em que pesem mecanismos como as quarentenas, o fato é que no Brasil postos de comando na área econômica raramente são ocupados por funcionários de carreira, dando-se preferência a executivos ou mesmo acionistas de empresas privadas.
Nesse ambiente de rarefação ética, extremamente propício ao tráfego irregular de informações, seria de esperar uma redobrada atenção das instâncias encarregadas de fiscalizar os mercados. Merece, portanto, atenção o caso das ações da Eletropaulo, cuja valorização na Bovespa pode ter sido antecipada por alguns operadores informados previamente sobre o acordo entre a AES, controladora da empresa, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Como se sabe, a arrastada negociação da dívida da AES com o BNDES terminou com o banco assumindo o controle de 50% das ações de uma nova companhia a ser criada. Com isso, as perspectivas da Eletropaulo tornaram-se mais positivas, acarretando, obviamente, elevação de sua cotação no mercado acionário.
A CVM considerou anormais as negociações dos papéis da empresa nos dias que antecederam o anúncio do acordo com o BNDES e decidiu proceder a uma apuração, levantando informações sobre quem operou com as ações. Desnecessário dizer que não são pequenas as chances de que investigações como essa esbarrem nos subterfúgios comumente utilizados para encobrir o fluxo irregular de informações. Isso não significa -ao contrário- que ela não deva ser levada adiante da forma mais rigorosa possível.


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