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O PESO DE ARAFAT
Ao que tudo indica, Israel cometerá um grave erro se levar a
cabo a decisão de expulsar ou eliminar Iasser Arafat. Não se trata de enfeitar o líder palestino com virtudes
que ele não possui. Em que pese sua
histórica trajetória de lutas, Arafat,
na melhor das hipóteses, tem-se revelado um governante de competência questionável, cercado de suspeitas de corrupção. Na pior, seria, além
disso, um maquiavélico incentivador
do terrorismo palestino.
O caso é que Israel tem pouco a ganhar e muito a perder com a expulsão do líder. O efeito mais evidente
seria o recrudescimento do nacionalismo palestino e do terrorismo. Se
Arafat é de fato um obstáculo à paz,
como quer o governo israelense, não
seria boa política tomar decisões que
reforcem sua popularidade.
No mais, não é unânime a avaliação de que Arafat controla os grupos
radicais e, se quisesse, teria condições de conter o terrorismo. Para alguns analistas, a permanência do líder palestino no poder seria insustentável caso procurasse reprimir as
organizações extremistas. Se se atrevesse a fazê-lo, correria o risco de
provocar uma guerra envolvendo as
diversas facções da qual ele poderia
sair derrotado.
Seja como for, não cabe a Israel escolher os líderes dos palestinos, assim como não cabe aos palestinos
indicar o primeiro-ministro de Israel. Não é demais lembrar que Iasser Arafat é o único dirigente do
mundo árabe eleito num pleito direto razoavelmente crível, apesar de isso ter ocorrido no já longínquo 1996.
Goste-se ou não de Arafat, ele representa os palestinos com os quais
Israel precisa negociar. No limite,
uma liderança palestina considerada
aceitável pelo gabinete do premiê
Ariel Sharon tende a não contar com
o necessário respaldo popular para
agir. A paz, por definição, só pode
ser celebrada entre adversários.
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