São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Os efeitos do PT grande

BRASÍLIA - As eleições municipais de 2000 foram o prenúncio da ascensão do PT. A sigla pulou de 110 prefeitos em 1996 para 187 naquele ano, em que Marta Suplicy venceu a disputa paulistana. A conta simples -e errada- era que os petistas ainda eram pequenos, pois só mandavam em 3,36% das 5.559 cidades.
Na realidade, o número marcante foi de votos recebidos por candidatos petistas: 11,9 milhões, ou 14,13% do total do país. O PT ficou atrás apenas dos partidos-ônibus PSDB, PMDB e PFL, nessa ordem, cujos percentuais foram todos na casa dos 15%.
Com ou sem a vitória de Marta Suplicy, a sigla de Lula tende a aumentar o número total de votos, conforme todas as pesquisas eleitorais disponíveis em mais de cem grandes cidades. Esse é o dado que importa para projeções políticas futuras.
Os votos dados a um candidato a prefeito de um determinado partido, mesmo que derrotado, são ótimo patrimônio mais à frente nas disputas pelos governos estaduais e na eleição presidencial de 2006. A estrutura e os compromissos para daqui a dois anos se formam agora, nas cidades.
O Brasil tem 27 partidos. Essa fragmentação impede, há mais de uma década, que uma sigla sozinha obtenha mais de 20% do total de votos para prefeito no país. O PT pode ultrapassar ou ficar próximo desse percentual. Causará movimentações relevantes nas placas tectônicas do sistema partidário brasileiro. Haverá fusões e extinções. Novas agremiações podem ser criadas.
A direita sonha com uma nova sigla, com pedaços dos dinossauros PP e PFL -ambos derivados diretos da Arena, partido de sustentação da ditadura militar (1964-1985).
Na esquerda, a hegemonia do PT abafa os nanicos. A exceção até agora é o PSB. Pode ficar com até quatro capitais e monta uma estrutura razoável à sombra do aconchego petista. Um destaque negativo do PSB é Erundina, que errou ao não ser uma opção à esquerda do PT, preferindo ir à direita, com Orestes Quércia.

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