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FERNANDO RODRIGUES
Os efeitos do PT grande
BRASÍLIA - As eleições municipais de
2000 foram o prenúncio da ascensão
do PT. A sigla pulou de 110 prefeitos
em 1996 para 187 naquele ano, em
que Marta Suplicy venceu a disputa
paulistana. A conta simples -e errada- era que os petistas ainda eram
pequenos, pois só mandavam em
3,36% das 5.559 cidades.
Na realidade, o número marcante
foi de votos recebidos por candidatos
petistas: 11,9 milhões, ou 14,13% do
total do país. O PT ficou atrás apenas
dos partidos-ônibus PSDB, PMDB e
PFL, nessa ordem, cujos percentuais
foram todos na casa dos 15%.
Com ou sem a vitória de Marta Suplicy, a sigla de Lula tende a aumentar o número total de votos, conforme
todas as pesquisas eleitorais disponíveis em mais de cem grandes cidades.
Esse é o dado que importa para projeções políticas futuras.
Os votos dados a um candidato a
prefeito de um determinado partido,
mesmo que derrotado, são ótimo patrimônio mais à frente nas disputas
pelos governos estaduais e na eleição
presidencial de 2006. A estrutura e os
compromissos para daqui a dois anos
se formam agora, nas cidades.
O Brasil tem 27 partidos. Essa fragmentação impede, há mais de uma
década, que uma sigla sozinha obtenha mais de 20% do total de votos
para prefeito no país. O PT pode ultrapassar ou ficar próximo desse percentual. Causará movimentações relevantes nas placas tectônicas do sistema partidário brasileiro. Haverá
fusões e extinções. Novas agremiações podem ser criadas.
A direita sonha com uma nova sigla, com pedaços dos dinossauros PP
e PFL -ambos derivados diretos da
Arena, partido de sustentação da ditadura militar (1964-1985).
Na esquerda, a hegemonia do PT
abafa os nanicos. A exceção até agora é o PSB. Pode ficar com até quatro
capitais e monta uma estrutura razoável à sombra do aconchego petista. Um destaque negativo do PSB é
Erundina, que errou ao não ser uma
opção à esquerda do PT, preferindo ir
à direita, com Orestes Quércia.
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