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FERNANDO RODRIGUES
A urucubaca de Obama
NOVA YORK - As coisas não vão
bem para os democratas. O sorriso
amarelo de Bill Clinton ao lado de
Barack Obama disse tudo.
"Eu prevejo que o senador Obama vai ganhar", disse Bill Clinton,
meio sem graça. O ex-presidente
está para Obama assim como José
Serra está para Geraldo Alckmin na
eleição paulistana.
O casal Clinton, Bill e Hillary,
vende uma imagem pública de
apoio a Obama. Na vida real, a história é outra. Hillary deseja ser candidata a presidente em 2012. Para
ela, é melhor o republicano John
McCain vencer em novembro.
Há uma espécie de urucubaca na
campanha democrata nas últimas
semanas. Catatônicos, os obamistas demoraram a depurar a escolha
da vice na chapa republicana, Sarah
Palin. Reagiram de maneira descoordenada. Começaram com desdém. Depois, atacando a esmo a governadora do Alasca.
Obama, ele próprio, cometeu o
mais infantil dos erros de uma campanha. Passou a polarizar com Sarah Palin. Candidato a presidente
não bate boca com postulante a vice
na chapa adversária. Os republicanos ganharam mídia de graça. Cínicos, fizeram-se de vítimas.
O azar dos democratas se estende
ao língua-solta Joe Biden, candidato a vice de Obama. Só nesta semana, Biden já produziu duas gafes.
Sugeriu que Hillary Clinton teria sido uma candidata a vice melhor do
que ele. Noutra ocasião, pediu a um
paraplégico que se levantasse para
o público vê-lo melhor.
Obama ainda tem como reagir. O
ambiente o favorece. Há mais de 40
anos perguntando se os norte-americanos se sentem melhor agora do
que há quatro anos, o Gallup neste
ano apurou a pior taxa da história:
só 41% responderam "sim".
Como se perde uma eleição dessas, com ambiente tão favorável à
oposição? Se for derrotado, Obama
passará o resto de seus dias dando
entrevistas para explicar.
frodriguesbsb@uol.com.br
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