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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Fraude na Constituição
"A autodenúncia do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim de que participou da introdução de artigos que não foram votados pelos constituintes é de suma gravidade. Como confiar no STF, guardião da Carta Magna? Já está mais do que na hora de revermos o processo de ocupação de cargo de ministro na mais alta corte da magistratura nacional. Chega de nomeações políticas. A esse senhor só resta uma saída: apresentar a sua renúncia e pedir desculpas ao seu país."
Omar Abdulmassih (São Paulo, SP)
 

"Somente um formalismo jurídico extremado e torto pode conduzir ao raciocínio de que o descumprimento de normas regimentais abala a legitimidade ou a validade jurídica da Constituição de 1988. Os regimentos das casas parlamentares são pactos políticos. O editorial da Folha ("Grave revelação", 11/10, pág. A2) também erra ao defender o afastamento do ministro Nelson Jobim. É disparatada, política e juridicamente, a idéia de que ele possa ser responsabilizado, como ministro do STF, por fatos de que participou 15 anos antes, no exercício de mandato parlamentar. Se houvesse tal absurda responsabilidade, ela deveria se referir a todos os constituintes."
Flávio Dino, juiz federal, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Brasília, DF)

Judiciário e autonomia
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não falou com Fidel Castro sobre os fuzilamentos de presos políticos em Cuba por ser um chefe de Estado em visita que não deveria se manifestar em problemas domésticos do seu anfitrião. Muito certo, diplomaticamente correto e coerente. Mas aceitar a proposta da representante da ONU de interferir no Poder Judiciário não é concordar com interferência em problemas domésticos brasileiros?"
Higino Veiga Macedo (Campo Grande, MS)

Economia de água
"Enquanto outras soluções não acontecem, o jeito é economizar água e ponto. Reeducar a população é urgente. Que tal a sugestão de que pague menos quem não tenha piscina, não more em casa, não tenha cachorros e possua família com até três membros? No mínimo, a gente não se irritaria tanto ao ler no noticiário que todos temos de pagar essas contas."
Maria Luiza Leite Maciel dos Santos (São Paulo, SP)

Viagem grátis
"Chega a ser comovente a defesa que o presidente Lula faz da ministra Benedita da Silva (Assistência Social). O fato de tê-la "perdoado" por utilizar o cargo para participar de encontro religioso na Argentina teria passado despercebido não fosse um detalhe: a escapada que a ministra deu foi custeada pelo erário e, portanto, devem ser restituídos integralmente aos cofres públicos todos os valores envolvidos. O PT, quando era oposição, condenava veementemente o uso de quaisquer cargos públicos em proveito próprio. Num passado nem tão distante, esse mesmo PT aprontou o maior circo quando integrantes do governo FHC utilizaram jatos da FAB para deslocamentos a Fernando de Noronha. Agora poderíamos dizer que os tempos são outros? Para a Argentina pode, para Fernando de Noronha não pode?"
Floro Sant'ana de Andrade Neto (Maceió, AL)

Velhos companheiros
"Como militante do PT, causa-me tristeza ver que o poder se incumbe de matar valores como respeito, amizade e carinho. Digo isso após acompanhar o descaso do ministro José Dirceu (Casa Civil) pelo deputado Fernando Gabeira. Lembrei-me de uns 15 anos atrás, quando um grupo de trabalhadores bancários fazia rifa, tirava dinheiro do próprio bolso e colava cartaz em postes nas madrugadas frias para ajudar na eleição de um companheiro. Ele progrediu na carreira política, e hoje é uma figura importante no Paraná. Dias atrás, ocorreu-me a idéia de fazer-lhe uma visita. Queria apenas dizer-lhe "como vai?". Após cinco tentativas de agenda, a secretária avisou-me que o político poderia atender-me. Depois de meia hora de espera na ante-sala, meu querido amigo me recebe e me avisa que destina cinco minutos para dizer o que quero e que anotaria o pedido. Fiquei atônita por um bom período, mas longe de parecer idiota. Ainda prefiro ser como sou."
Sirlei Fernandes (Curitiba, PR)

Contramão
"Em pleno momento em que o mundo se prepara para crescer, com empresários pagando menos impostos, dando mais emprego, enriquecendo mais gente, o Brasil vive o avesso: leis trabalhistas que incentivam a não contratar, governo chupando o sangue dos poucos que podem pagar e São Paulo e outras cidades de esquerda com as megamultas que só visam a arrancar dinheiro do cidadão. Depende apenas de nós não nos deixarmos anestesiar por esse engodo, que rouba décadas de nossas vidas em nome de um falso fim da miséria."
Roberto Moreira da Silva (Cotia, SP)

Esquema tático
"Quando a comissão técnica da seleção de futebol tem esquema de trabalho e um plano tático montado a partir do conhecimento das habilidades de seus atletas, o grupo atua com tranquilidade, e os jogadores têm conhecimento de seu papel na equipe, o que lhes traz segurança. Sem capacidade de organizar esquemas, experimentando formações aleatórias e alterando a condição dos jogadores a cada jogo, a dupla de vaidosos que assola nossa seleção provoca situações inimagináveis como as de reduzir craques como Diego, Kaká, Robinho e Alex a verdadeiros zumbis em campo, sem iniciativa e sem brilho. Mais do que o preparo para a Copa do Mundo, está em jogo o próprio futuro desses jovens talentosos que a dupla teima em inutilizar."
Homero Benedicto Ottoni Netto (Atibaia, SP)

Importância do educador
"Excelente o artigo de Antônio Ermírio de Moraes ("Educação e o uso inteligente da água", Opinião, pág. A2, edição de ontem). Pena que todos só se lembrem da educação para definir cada vez mais atribuições. Vacinação infantil: educação; doenças sexualmente transmissíveis: educação; zoonoses: educação. E mais um sem-número de assuntos que surgem para que a comunidade tome consciência de fatos sempre importantes. Enquanto isso, os professores e os demais educadores são relegados a segundo plano em sua remuneração. Sugiro que se insira na grade escolar uma disciplina que ensine os profissionais de educação a viver condignamente com os baixos salários."
Claudio Blanco (Santa Fé do Sul, SP)

Morte digna
"Muito importante e digno de maior debate o artigo de Rubem Alves ("Sobre a morte e o morrer", "Tendências/Debates", pág. A3, edição de ontem). Partilhará a sociedade como um todo de uma visão serena da morte como a do colunista? Estará ela preparada a autorizar seus médicos a não prolongar de forma artificial a vida de seus entes queridos? Ou se agarrará até o fim à esperança de um milagre? Pode um médico assumir a decisão sobre a manutenção da vida de seu paciente sem o conhecimento dele? Há embasamento inequívoco em nossa legislação para o desligamento de aparelhos? Podemos ocupar um leito de UTI por meses com pacientes terminais, levando, pela carência de vagas, à morte de outras pessoas? Diferentemente do exposto no artigo, a ética médica prevê que não deverão ser tomadas pelo médico medidas que resultem no prolongamento inútil do sofrimento de seu paciente. Trata-se de problema complexo e que exige uma ampla e urgente discussão de toda a nossa sociedade."
Luciano Ribeiro Brazão, médico (Ribeirão Preto, SP)



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