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Consenso abalado
SOFREU ABALO nos últimos
dias o quase consenso, entre
os analistas, de que em sua
reunião da próxima semana o
Banco Central irá manter a taxa
de juros básica inalterada.
Esse entendimento vinha sendo alimentado pela alta da inflação apurada pelos índices referentes a agosto, bem como pela
elevação das expectativas de subida de preços no mercado. Mas
o principal elemento que a reforçou, a ponto de torná-la quase
consensual, foi a retórica dura
adotada pelo BC.
Na ata da reunião de setembro
do Copom e no relatório trimestral de inflação, o BC deu muita
ênfase aos riscos inflacionários
suscitados pela onda global de
turbulência financeira e, sobretudo, pelo aquecimento da demanda interna. Sinalizou claramente sua disposição de interromper a redução da Selic.
Os desdobramentos mais recentes da conjuntura, no entanto, não corroboraram o diagnóstico muito cauteloso do BC. Embora ainda haja sinais de pressão
sobre os preços agrícolas no atacado, o resultado do IPCA em setembro foi mais favorável do que
a mais otimista das projeções.
Ao lado disso, a aversão ao risco dos investidores internacionais voltou a refluir. Somando-se
a isso a redução dos juros nos
EUA e a sinalização de que os juros no Brasil, ainda altos pelos
padrões mundiais, poderão recuar mais lentamente do que se
imaginava, a pressão de valorização do real voltou com força. A
cotação do dólar fechou a semana abaixo de R$ 1,80, o que não
ocorria desde o ano 2000.
A nova queda da moeda americana e a inflexão favorável dos
índices de inflação prenunciam
para breve uma pausa na deterioração da expectativas de inflação. Estas, aliás, apontam hoje
para uma alta do IPCA no ano
que vem de 4,1%, ainda abaixo da
meta oficial de 4,5%.
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