São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Consenso abalado

SOFREU ABALO nos últimos dias o quase consenso, entre os analistas, de que em sua reunião da próxima semana o Banco Central irá manter a taxa de juros básica inalterada.
Esse entendimento vinha sendo alimentado pela alta da inflação apurada pelos índices referentes a agosto, bem como pela elevação das expectativas de subida de preços no mercado. Mas o principal elemento que a reforçou, a ponto de torná-la quase consensual, foi a retórica dura adotada pelo BC.
Na ata da reunião de setembro do Copom e no relatório trimestral de inflação, o BC deu muita ênfase aos riscos inflacionários suscitados pela onda global de turbulência financeira e, sobretudo, pelo aquecimento da demanda interna. Sinalizou claramente sua disposição de interromper a redução da Selic.
Os desdobramentos mais recentes da conjuntura, no entanto, não corroboraram o diagnóstico muito cauteloso do BC. Embora ainda haja sinais de pressão sobre os preços agrícolas no atacado, o resultado do IPCA em setembro foi mais favorável do que a mais otimista das projeções.
Ao lado disso, a aversão ao risco dos investidores internacionais voltou a refluir. Somando-se a isso a redução dos juros nos EUA e a sinalização de que os juros no Brasil, ainda altos pelos padrões mundiais, poderão recuar mais lentamente do que se imaginava, a pressão de valorização do real voltou com força. A cotação do dólar fechou a semana abaixo de R$ 1,80, o que não ocorria desde o ano 2000.
A nova queda da moeda americana e a inflexão favorável dos índices de inflação prenunciam para breve uma pausa na deterioração da expectativas de inflação. Estas, aliás, apontam hoje para uma alta do IPCA no ano que vem de 4,1%, ainda abaixo da meta oficial de 4,5%.


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