São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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RUY CASTRO

Maiorais

RIO DE JANEIRO - Bom da cabeça, mas meio lerdo do pé, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reconheceu o samba carioca como "patrimônio cultural imaterial do Brasil". Antes dele, o frevo e o jongo já tinham merecido essa homenagem, e o samba de roda da Bahia, indicado pelo Iphan, foi reconhecido pela Unesco como "obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade".
Um dos motivos para o tombamento do samba é o seu papel como fator de identidade nacional: nenhum outro ritmo brasileiro foi praticado em tal escala e por tanto tempo -desde 1917, com o sucesso do samba-maxixe "Pelo telefone". Nesses 90 anos, o samba esteve por cima, por baixo e, agora, começa a ficar por cima de novo. O Brasil soa melhor quando ele é a corrente principal da sua música popular.
Estranha nesse reconhecimento que tenham sido destacadas três de suas formas: o partido alto, o samba-enredo e o de terreiro. As outras 27 não contam? Que fim levaram o samba rasgado, o samba de Carnaval, o samba-choro, o samba-canção, o samba de breque, o samba-exaltação, o samba-boogie, o samba de gafieira, a bossa nova, o sambalanço, o samba-jazz etc., apenas entre as variantes criadas no Rio?
Como se Sinhô, Ary Barroso, Noel Rosa, Luiz Peixoto, Ismael Silva, Bide, Marçal, Custodio Mesquita, Wilson Batista, Ataulpho Alves, Assis Valente, Alcyr Pires Vermelho, Synval Silva, Roberto Martins, Bororó, Benedito Lacerda, J. Cascata, Vadico, Vicente Paiva, Pedro Caetano, Walfrido Silva, Gadé, Herivelto Martins, Dorival Caymmi, Antonio Almeida, Denis Brean, Janet de Almeida, Haroldo Barbosa, Geraldo Pereira, Claudionor Cruz, Antonio Maria, Luiz Reis, Billy Blanco e Tom Jobim, para ficarmos só com alguns compositores pré-1960, não fossem sambistas, e dos maiorais.


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