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Mais uma segunda
Europa muda discurso, anuncia diretrizes comuns e melhora perspectiva de combate à derrocada financeira
A
SEGUNDA-FEIRA passada inaugurou, com o
mergulho simultâneo
das Bolsas de Valores
na Europa, aquela que viria a tornar-se uma das piores semanas
da história para os mercados financeiros mundiais. Uma semana depois, é sobre o comportamento das Bolsas e dos mercados de crédito europeus, mais
uma vez, que se concentram as
atenções de agentes econômicos
e políticos globais.
Como no fim de semana anterior, grandes expectativas foram
depositadas num encontro de
cúpula entre governantes da Europa. Diferentemente da reunião
da semana passada -que terminou em nada, incentivou ações
nacionais individuais e descoordenadas e forneceu ainda mais
combustível para o pânico-, o
evento de ontem, também ocorrido em Paris, produziu uma resposta melhor.
Os líderes anunciaram uma diretriz comum para recapitalizar
grandes conglomerados financeiros nos 15 países do euro. Nos
moldes do plano anunciado na
semana passada pelo Reino Unido, o programa será baseado na
compra de participação acionária, talvez até do controle, de
bancos em dificuldades.
Se foi refutada a idéia de criar
um fundo transnacional para
realizar os resgates, a mensagem
coletiva dos governantes europeus, de que nenhuma grande
instituição será deixada à própria sorte, marca uma mudança
de rumo no caminho correto.
Cada país corria contra o tempo,
ontem à noite, para definir os
primeiros passos e as primeiras
cifras de sua intervenção antes
da abertura dos mercados hoje.
O Banco Central Europeu vai
imitar o Fed americano e assegurar o crédito de curto prazo para
as empresas do setor produtivo.
A paralisia desse mercado é uma
linha de propagação da crise que,
se não for bloqueada de imediato, vai ameaçar diretamente a taxa de emprego.
Outro ponto crucial da abordagem comum européia é retirar
da inanição o fluxo de crédito entre os bancos. Para tanto, os governos prometem assegurar esse
segmento, impedindo a falência
de instituições por falta de empréstimos de curtíssimo prazo,
até o fim do ano que vem.
Decerto será preciso atuar em
outras frentes a fim de evitar um
"crash" semelhante, embora
mais lento, no nível de consumo
mundial. Mas apagar o incêndio
financeiro é o objetivo imediato,
e a ação coordenada dos europeus restabelece um mínimo de
esperança a esse respeito.
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