São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2008

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Mais uma segunda

Europa muda discurso, anuncia diretrizes comuns e melhora perspectiva de combate à derrocada financeira

A SEGUNDA-FEIRA passada inaugurou, com o mergulho simultâneo das Bolsas de Valores na Europa, aquela que viria a tornar-se uma das piores semanas da história para os mercados financeiros mundiais. Uma semana depois, é sobre o comportamento das Bolsas e dos mercados de crédito europeus, mais uma vez, que se concentram as atenções de agentes econômicos e políticos globais.
Como no fim de semana anterior, grandes expectativas foram depositadas num encontro de cúpula entre governantes da Europa. Diferentemente da reunião da semana passada -que terminou em nada, incentivou ações nacionais individuais e descoordenadas e forneceu ainda mais combustível para o pânico-, o evento de ontem, também ocorrido em Paris, produziu uma resposta melhor.
Os líderes anunciaram uma diretriz comum para recapitalizar grandes conglomerados financeiros nos 15 países do euro. Nos moldes do plano anunciado na semana passada pelo Reino Unido, o programa será baseado na compra de participação acionária, talvez até do controle, de bancos em dificuldades.
Se foi refutada a idéia de criar um fundo transnacional para realizar os resgates, a mensagem coletiva dos governantes europeus, de que nenhuma grande instituição será deixada à própria sorte, marca uma mudança de rumo no caminho correto. Cada país corria contra o tempo, ontem à noite, para definir os primeiros passos e as primeiras cifras de sua intervenção antes da abertura dos mercados hoje.
O Banco Central Europeu vai imitar o Fed americano e assegurar o crédito de curto prazo para as empresas do setor produtivo. A paralisia desse mercado é uma linha de propagação da crise que, se não for bloqueada de imediato, vai ameaçar diretamente a taxa de emprego.
Outro ponto crucial da abordagem comum européia é retirar da inanição o fluxo de crédito entre os bancos. Para tanto, os governos prometem assegurar esse segmento, impedindo a falência de instituições por falta de empréstimos de curtíssimo prazo, até o fim do ano que vem.
Decerto será preciso atuar em outras frentes a fim de evitar um "crash" semelhante, embora mais lento, no nível de consumo mundial. Mas apagar o incêndio financeiro é o objetivo imediato, e a ação coordenada dos europeus restabelece um mínimo de esperança a esse respeito.


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