|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Monopólio da chantagem
REGRAS de controle de propriedade na mídia existem
em todas as nações democráticas. Cumprem a função de
estimular a competição privada e
evitar monopólios nas comunicações. É outro, entretanto, o objetivo da presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
A legislação aprovada no fim
de semana, já sancionada, é um
episódio numa série de ações intimidatórias do governo contra
grupos de mídia que adotam linha editorial crítica à Casa Rosada. Após uma horda de fiscais ter
invadido o grupo Clarín -o
maior do país-, o governo agora
ameaça expropriar a fábrica de
papel imprensa que abastece os
principais jornais argentinos.
A nova regulamentação da mídia, além de limitar a presença de
empresas nas telecomunicações,
reserva dois terços das concessões ao próprio Estado e às
ONGs, a serem escolhidas pelo
governismo. A intenção, portanto, não é trocar um oligopólio
privado por um sistema competitivo. A presidente e seu marido
-o ex-presidente Néstor Kirchner- desejam transferir o oligopólio ao governo, bem como a organizações e empresários aliados.
Esse golpe rumo à estatização
da mídia na Argentina torna-se
agora objeto de batalha nos tribunais, pois empresas afetadas e
líderes de oposição contestam
sua constitucionalidade. Mas o
governo Kirchner, com a lei, obteve uma plataforma adicional,
ainda que provisória, para exercer o monopólio da chantagem,
do arbítrio e da intimidação.
Texto Anterior: Editoriais: Desgaste poupado Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Lula entre dois atos Índice
|