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PACOTE DE ANSIEDADE
Depois de administrado um remédio forte, o momento crítico é aquele
em que se espera a reação do paciente. A economia encontra-se agora
nesse estado. O remédio foi o brutal
aumento dos juros, seguido de um
pacote para cobrir o buraco criado
pelas altas taxas nas contas do governo. As reações dos mercados têm sido frustrantes, como revelam a queda e a consequente suspensão do
pregão na Bolsa de São Paulo.
Os especialistas, entretanto, estão
divididos. Os mais otimistas preferem não estabelecer uma relação direta de causa e efeito entre as medidas de política econômica e a queda
de ontem nas Bolsas e a pressão no
dólar. Segundo essa hipótese, o Brasil sofre os efeitos de uma turbulência global, irrestrita e insaciável.
Vigore ou não tal causalidade, o fato
é que o paciente talvez precise de
mais oxigênio, de providências e
"sinalizações" de política econômica que eventualmente possam fazer
mais efeito e reduzir as angústias
desse difícil período de ajuste.
Infelizmente, as lideranças parlamentares e o próprio Executivo envolveram-se, após o anúncio das medidas, em escaramuças sobre o varejo, sobre o detalhe, sem atentar devidamente para a gravidade do momento. Atribuem-se a missão de negociarem interesses menores e disputam os holofotes como campeões
do "amaciamento" do pacote.
Onde está o governo que se empenhou e afinal encontrou base política
suficiente para aprovar o direito à
reeleição? Onde estão as lideranças
que tantas vezes subiram à tribuna
para reclamarem para si próprios e
para o Congresso um papel maior na
condução dos destinos do país?
Estas são as questões, políticas, dirigidas ao Executivo e ao Congresso
pela sociedade e investidores perplexos e por trabalhadores ameaçados,
que esperam medidas e atitudes que
estejam à altura dos acontecimentos.
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