São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Editoriais

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Reação chinesa

A ECONOMIA da China manteve taxas anuais de crescimento acima de 10% entre 2003 e 2007 e, com isso, respondeu por 25% da expansão mundial. Sob o impacto da crise deflagrada nos EUA, contudo, o dinamismo chinês começou a arrefecer. Projeções sobre a alta do PIB apontam para taxa de 9,4% em 2008 e 7,9% em 2009.
Na tentativa de evitar desaceleração acentuada, Pequim acaba de lançar um pacote de estímulo fiscal de US$ 586 bilhões para os próximos dois anos. A intervenção, destinada basicamente a projetos de infra-estrutura, equivale a 14% do PIB chinês, um volume bastante elevado.
Com o pacote, a China tenta mudar rapidamente o perfil de seu crescimento, aumentando o peso do mercado doméstico à custa do comércio exterior. Em 2007, a soma de exportações e importações na China correspondeu a 66% do PIB -contra apenas 21% no Brasil.
As importações chinesas impulsionam diversos elos nas cadeias globais de suprimento: máquinas e equipamentos, matérias-primas agrícolas e industriais, petróleo. Já suas exportações, concentradas nos países desenvolvidos, sofrem com mais força o impacto da crise.
No que diz respeito ao Brasil, é provável que haja redução nos volumes exportados para a China, com queda nos preços das commodities, mas manutenção das importações de manufaturados. Por conta disso, nosso déficit comercial com o país da Ásia, que deve fechar 2008 em US$ 2 bilhões, pode dobrar em 2009.
O pacote chinês, portanto, é bem-vindo. Uma perda abrupta de ímpeto na atividade econômica da China prejudicaria em especial os países em desenvolvimento. As autoridades brasileiras, contudo, precisam estar atentas para barrar quaisquer práticas agressivas e desleais de comércio que venham a ser adotadas por Pequim a pretexto de incentivar a sua economia.


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