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Reação chinesa
A ECONOMIA da China manteve taxas anuais de crescimento acima de 10% entre 2003 e 2007 e, com isso, respondeu por 25% da expansão
mundial. Sob o impacto da crise
deflagrada nos EUA, contudo, o
dinamismo chinês começou a arrefecer. Projeções sobre a alta do
PIB apontam para taxa de 9,4%
em 2008 e 7,9% em 2009.
Na tentativa de evitar desaceleração acentuada, Pequim acaba de lançar um pacote de estímulo fiscal de US$ 586 bilhões
para os próximos dois anos. A intervenção, destinada basicamente a projetos de infra-estrutura,
equivale a 14% do PIB chinês, um
volume bastante elevado.
Com o pacote, a China tenta
mudar rapidamente o perfil de
seu crescimento, aumentando o
peso do mercado doméstico à
custa do comércio exterior. Em
2007, a soma de exportações e
importações na China correspondeu a 66% do PIB -contra
apenas 21% no Brasil.
As importações chinesas impulsionam diversos elos nas cadeias globais de suprimento: máquinas e equipamentos, matérias-primas agrícolas e industriais, petróleo. Já suas exportações, concentradas nos países desenvolvidos, sofrem com mais
força o impacto da crise.
No que diz respeito ao Brasil, é
provável que haja redução nos
volumes exportados para a China, com queda nos preços das
commodities, mas manutenção
das importações de manufaturados. Por conta disso, nosso déficit comercial com o país da Ásia,
que deve fechar 2008 em US$ 2
bilhões, pode dobrar em 2009.
O pacote chinês, portanto, é
bem-vindo. Uma perda abrupta
de ímpeto na atividade econômica da China prejudicaria em especial os países em desenvolvimento. As autoridades brasileiras, contudo, precisam estar
atentas para barrar quaisquer
práticas agressivas e desleais de
comércio que venham a ser adotadas por Pequim a pretexto de
incentivar a sua economia.
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