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ELIANE CANTANHÊDE
Gato por lebre
BRASÍLIA - Numa solenidade para assinatura de contratos do PAC
no Planalto, em 24 de junho, com
Lula e Dilma Rousseff, dois aliados
do governo foram destacados para
falar em nome dos 27 governadores
e dos milhares de prefeitos do país:
o governador da Bahia, Jaques
Wagner, do PT, e o prefeito de Manaus, Serafim Corrêa, do PSB.
Quatro meses depois, foram encerradas as eleições municipais, nas
quais os dois grandes vitoriosos foram os governadores e os prefeitos
candidatos à reeleição. Mas Jaques
e Serafim andaram na contramão.
Jaques perdeu em Salvador, e Serafim foi o único candidato à reeleição
nas capitais a dar com os burros n'água. Não foi por acaso.
Na Bahia, Jaques vinha de uma
espetacular e inesperada vitória para o governo em 2006 e se sentiu
forte o suficiente para patrocinar
um candidato próprio do PT contra
o prefeito João Henrique, do
PMDB. Trombou de frente com o
trator Geddel Vieira Lima e perdeu.
Em Manaus, o PT e o PC do B passaram três anos aboletados na prefeitura, mas na eleição abandonaram o prefeito no sereno. O PT lançou um nome próprio, e o PC do B
apoiou o candidato do governador
Eduardo Braga. Os dois perderam
já no primeiro turno e enfraqueceram Serafim para o segundo. Isolaram Serafim, o aliado, e deram a vitória a Amazonino Mendes (PTB),
o verdadeiro adversário.
Cumpre-se assim o que Zé Dirceu
diz e tenta curar há muitos anos: a
arrogância petista de considerar
aliança o que é a favor dele, não o
que é a favor do outro. E isso deixa
mágoas, carimbos e muitas vezes,
como nos casos de Salvador e de
Manaus, doídas derrotas.
A mágoa não é só contra o PT,
mas contra o próprio Lula, que lavou as mãos, tirou foto com os adversários e ajudou a empurrar Serafim para o precipício. E também
não é só de Serafim, mas do PSB
-um dos partidos mais afinados
com o governo nessa base aliada
que é um saco de gatos, e de gatos
direitistas.
elianec@uol.com.br
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