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SURPRESA NO ABC
Surpreendeu o desfecho da
Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal de Santo André para apurar um
suposto esquema de propina no
transporte público da cidade. Mas a
surpresa foi negativa. Era previsível
que os membros da CPI -todos vereadores governistas- acabariam
por inocentar a administração petista da cidade das acusações. Porém o
que parece "inovador" nas conclusões dessa comissão é uma curiosa
inversão: testemunhas que afirmaram que existia na cidade um esquema ilegal de recolhimento de dinheiro de concessionários de transporte
foram transformados pelos integrantes da CPI em suspeitas.
A suposta rede de arrecadação de
propina é investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
O promotor Amaro Thomé Filho,
um dos integrantes da investigação,
qualificou como absurdo o desfecho
da CPI. Seu colega José Reinaldo Carneiro apontou inequívoca contradição dos vereadores: deixaram de
considerar a maior parte do depoimento do empresário Luiz Alberto
Gabrilli Filho -que disse que pagava ao suposto esquema da prefeitura
R$ 40 mil mensais-, mas levaram
em consideração, contra o próprio
empresário, o trecho em que o depoente sugere ter fraudado uma licitação. Dois pesos, duas medidas.
Gabrilli, vale lembrar, relatou em
entrevista a esta Folha uma reunião,
na Secretaria de Serviços Municipais
de Santo André, em que teria sido
acertada uma "taxa" de propina de
R$ 550 por ônibus.
Além do conteúdo local das denúncias, esse caso do ABC também contém um aspecto político nacional.
Segundo o irmão de Celso Daniel
-prefeito de Santo André assassinado no início deste ano-, haveria
uma ligação entre esse suposto esquema de propina e o financiamento
de campanhas do PT.
São acusações graves cujas esperanças de elucidação, depois do fim
"surpreendente" da CPI, estão todas
depositadas na Justiça.
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