São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003 |
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FERNANDO RODRIGUES O efeito dos escândalos
BRASÍLIA - É verdade que existe uma safra boa de escândalos ou casos esquisitos atormentando o PT. Até que
ponto vão influenciar na condução
do governo, ou na imagem de Lula, é
outra história.
Na democracia brasileira recente, a
leniência da população esteve diretamente relacionada ao estado da economia. Quando Sarney fazia suas
loucuras como a ferrovia Norte-Sul
durante o Plano Cruzado, a população aplaudia. A inflação disparou e
ele caiu em desgraça.
Também não é mera coincidência
que o impeachment de Collor tenha
prosperado quando ficou evidente o
besteirol de sua política econômica.
No governo FHC, o caso mais emblemático foi a compra de votos a favor da emenda da reeleição. Estourou em maio de 1997. Houve um pequeno solavanco, com a taxa de "ótimo" e "bom" do tucano descendo de
42% para 39%. O real valorizado segurava a onda. Até o jurista (sic) Íris
Rezende virou ministro da Justiça.
Agora, com Lula, ainda não dá para sentir o cheiro de napalm pela manhã, como em "Apocalipse Now". É
necessário mais octanagem nos casos
sob investigação para que o governo
seja atingido no peito. Por exemplo,
comprovar que alguém do governo
federal de fato recebeu dinheiro do
suposto esquema de propinas existente em Santo André.
Mesmo assim, e daí? Digamos que
um ministro fique envolvido até o
pescoço com a corrupção do ABC
paulista. Lula demite o sujeito, nomeia dois ou três ministros do PMDB
imediatamente (como fez FHC na
compra de votos), abafa uma tentativa de CPI e a vida segue em frente.
Basta a economia crescer acima de
3% em 2004 para que o governo petista fique blindado. Mas vai crescer
tudo isso? Essa é outra história. |
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