|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Todo mundo em pânico
SÃO PAULO - No dia em que o
mundo inteiro anuncia mais pacotes de ajuda ao setor privado (o Brasil, o Estado de São Paulo, os EUA, a
União Européia), acho que vale a
pena prestar um pouco de atenção
em quem vai na contramão, o ministro alemão de Finanças, Peer
Steinbrück. Antes é bom saber que
Steinbrück batalhou um bocado,
nas vésperas da cúpula do G8 na
Alemanha, em 2007, para que o clubão dos ricos e poderosos adotasse
medidas (bastante moderadas,
aliás) de controle dos mercados.
Foi vencido pela resistência do
governo Bush. Um mês depois da
cúpula, começou a crise então batizada de "subprime".
Em entrevista para a revista
"Newsweek", o ministro alemão
diz, por exemplo:
1 - "Por muito que qualquer governo faça, a recessão em que já estamos é inevitável".
2 - "Quando olho para o caótico e
volátil debate em andamento, tanto
na Alemanha como no resto do
mundo, minha preocupação é que a
barragem diária de propostas e declarações políticas está deixando os
mercados e os consumidores mais
nervosos" (atenção, Lula, pode ser
com você também).
3 - "Há uma ansiedade pelo Grande Plano de Resgate. Não existe.
Não existe. Lidar com uma crise
sem precedentes é um quebra-cabeças, é tentativa-e-erro. Tendo a
ser cético porque é da natureza humana ver a crise pior do que é. (...)
2009 parece que será um ano muito
difícil. Mas não estamos à beira do
colapso" (vai ver que Steinbrück leu
a Folha de anteontem).
4 - Sobre a redução de impostos
adotada, por exemplo, no Reino
Unido: "Você vai mesmo comprar
um DVD porque ele agora custa
39,10 libras em vez de 39,90?" (alô,
alô, Mantega, pode ser com você).
Acho que o que o ministro quer
dizer é simples: está todo mundo
em pânico e atirando para todo o
lado. Pode, eventualmente, atingir
o próprio pé (ou o coração ou a cabeça) de mais de um.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Do Iraque ao Afeganistão
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Bimbalham os sinos no Congresso Índice
|