São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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Eleição no Chile

VINTE anos após chegar ao poder no Chile, a aliança de legendas liderada pelo Partido Socialista e pelo Partido Democrata Cristão -a chamada Concertação- chega hoje ao primeiro turno da eleição presidencial em situação paradoxal. A presidente Michelle Bachelet, socialista, tem aprovação próxima de 80%, a maior já registrada no país. Não é entretanto o candidato da coalizão centro-esquerdista o favorito no pleito.
À frente nas pesquisas aparece Sebastián Piñera, 60, dono da empresa aérea LAN. Este representante do campo conservador obtém 44% das intenções de voto segundo a pesquisa mais recente. O candidato da Concertação, o democrata-cristão Eduardo Frei, 67, filho e homônimo do presidente que governou de 1964 a 1970, surge com 31% -tendo ele próprio sido presidente no final da década passada.
Destaca-se ainda um postulante independente, também de centro-esquerda, na tradicionalmente polarizada política chilena. Trata-se de Marco Enríquez-Ominami, 36, que atinge 17,7% das intenções de voto.
O cenário reflete o desgaste da longa permanência no poder da Concertação -o movimento responsável, paradoxalmente, por fincar os pilares de um padrão eficiente de gestão econômica e institucional, modelo que se tornou consensual no Chile. Para chegar às urnas como favorito, Piñera deixou claro em suas propostas a intenção continuísta.
Além do êxito na condução da economia, a Concertação foi capaz de fazer uma transição sem sobressaltos depois da longa ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Nas duas décadas de domínio da coalizão de centro-esquerda, a economia cresceu à vigorosa média anual de 5%, e indicadores sociais atingiram padrões comparáveis aos de nações desenvolvidas.
É nesse ambiente, no qual as questões básicas estão equacionadas e não são objeto de disputa, que os chilenos vão hoje às urnas para a primeira etapa de um pleito que, provavelmente, só se decidirá em 17 de janeiro.


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