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Eleição no Chile
VINTE anos após chegar ao
poder no Chile, a aliança
de legendas liderada pelo
Partido Socialista e pelo Partido
Democrata Cristão -a chamada
Concertação- chega hoje ao primeiro turno da eleição presidencial em situação paradoxal. A
presidente Michelle Bachelet,
socialista, tem aprovação próxima de 80%, a maior já registrada
no país. Não é entretanto o candidato da coalizão centro-esquerdista o favorito no pleito.
À frente nas pesquisas aparece
Sebastián Piñera, 60, dono da
empresa aérea LAN. Este representante do campo conservador
obtém 44% das intenções de voto segundo a pesquisa mais recente. O candidato da Concertação, o democrata-cristão Eduardo Frei, 67, filho e homônimo do
presidente que governou de 1964
a 1970, surge com 31% -tendo
ele próprio sido presidente no final da década passada.
Destaca-se ainda um postulante independente, também de
centro-esquerda, na tradicionalmente polarizada política chilena. Trata-se de Marco Enríquez-Ominami, 36, que atinge 17,7%
das intenções de voto.
O cenário reflete o desgaste da
longa permanência no poder da
Concertação -o movimento responsável, paradoxalmente, por
fincar os pilares de um padrão
eficiente de gestão econômica e
institucional, modelo que se tornou consensual no Chile. Para
chegar às urnas como favorito,
Piñera deixou claro em suas propostas a intenção continuísta.
Além do êxito na condução da
economia, a Concertação foi capaz de fazer uma transição sem
sobressaltos depois da longa ditadura de Augusto Pinochet
(1973-1990). Nas duas décadas
de domínio da coalizão de centro-esquerda, a economia cresceu à vigorosa média anual de
5%, e indicadores sociais atingiram padrões comparáveis aos de
nações desenvolvidas.
É nesse ambiente, no qual as
questões básicas estão equacionadas e não são objeto de disputa, que os chilenos vão hoje às urnas para a primeira etapa de um
pleito que, provavelmente, só se
decidirá em 17 de janeiro.
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