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CARLOS HEITOR CONY
Pedro & Paulo
RIO DE JANEIRO - A tradição atribui a são Pedro não apenas as
chaves do céu mas o domínio das torneiras, que ele fecha e abre
quando quer. Em vida, foi uma espécie de rival de são Paulo, que não chegou a pertencer àquele núcleo
inicial do cristianismo, só conheceu
Jesus mais tarde, na estrada de Damasco, quando já havia cristãos espalhados por todo o Oriente Médio,
inclusive, e principalmente, na Judeia e na Galileia.
Vai daí, Paulo decidiu converter
os gentios, contrariando a primitiva
igreja de Jerusalém, que se mantinha vinculada ao judaísmo da época. Paulo abriu as pontas de lança
que afinal dariam no cristianismo
em si, mais tarde no catolicismo.
A igreja de Jerusalém encarregou
Pedro de ir atrás de Paulo, tentando
minimizar a abertura ecumênica de
Paulo. Foram parar em Roma, onde
sofreram martírio: Pedro crucificado de cabeça para baixo, Paulo degolado por ser, apesar de judeu,
também cidadão romano.
Não parece, mas este resumido
introito tenta explicar os temporais
antigos e recentes que desabam sobre a capital paulista, num crescendo que ninguém sabe quando vai
parar. Daqui a 20, 25 anos, dizem as
estatísticas, São Paulo será a maior
cidade do mundo. Não é possível
que periodicamente se transforme
no caos que atenta contra os predicados mínimos da civilização, como
o direito de ir e vir.
Os entendidos culpam a própria
cidade em si, seus bueiros entupidos, seus rios não disciplinados, a
falta de uma técnica urbana que liberte a cidade dos constantes alagamentos, prejudicando na própria
carne os habitantes da maior cidade
brasileira.
Sugiro que os paulistas, independentemente das crenças de cada
um, se apeguem a são Pedro, que ele
esqueça as velhas rivalidades e dê a
São Paulo tudo o que ele merece.
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