São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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CARLOS HEITOR CONY

Pedro & Paulo

RIO DE JANEIRO - A tradição atribui a são Pedro não apenas as chaves do céu mas o domínio das torneiras, que ele fecha e abre quando quer. Em vida, foi uma espécie de rival de são Paulo, que não chegou a pertencer àquele núcleo inicial do cristianismo, só conheceu Jesus mais tarde, na estrada de Damasco, quando já havia cristãos espalhados por todo o Oriente Médio, inclusive, e principalmente, na Judeia e na Galileia.
Vai daí, Paulo decidiu converter os gentios, contrariando a primitiva igreja de Jerusalém, que se mantinha vinculada ao judaísmo da época. Paulo abriu as pontas de lança que afinal dariam no cristianismo em si, mais tarde no catolicismo.
A igreja de Jerusalém encarregou Pedro de ir atrás de Paulo, tentando minimizar a abertura ecumênica de Paulo. Foram parar em Roma, onde sofreram martírio: Pedro crucificado de cabeça para baixo, Paulo degolado por ser, apesar de judeu, também cidadão romano.
Não parece, mas este resumido introito tenta explicar os temporais antigos e recentes que desabam sobre a capital paulista, num crescendo que ninguém sabe quando vai parar. Daqui a 20, 25 anos, dizem as estatísticas, São Paulo será a maior cidade do mundo. Não é possível que periodicamente se transforme no caos que atenta contra os predicados mínimos da civilização, como o direito de ir e vir.
Os entendidos culpam a própria cidade em si, seus bueiros entupidos, seus rios não disciplinados, a falta de uma técnica urbana que liberte a cidade dos constantes alagamentos, prejudicando na própria carne os habitantes da maior cidade brasileira.
Sugiro que os paulistas, independentemente das crenças de cada um, se apeguem a são Pedro, que ele esqueça as velhas rivalidades e dê a São Paulo tudo o que ele merece.


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