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Abalos no emprego
Com crédito ainda caro e escasso, resfriamento da economia prenuncia impacto relevante no mercado de trabalho
A
DETERIORAÇÃO das
perspectivas de crescimento global, a continuidade das perdas nas
operações de crédito e a desvalorização dos ativos financeiros e
imobiliários dificultam a retomada dos empréstimos no mundo todo. Os custos de captação de
dinheiro de grandes instituições
financeiras continuam proibitivos. Algumas só obtêm recursos
com o apoio dos governos.
Nesse contexto, bancos internacionais voltaram a ofertar linhas de crédito às exportações
brasileiras, consideradas de baixo risco. Porém as taxas de juros
dobraram, e os prazos encolheram. Se empresas grandes têm
sofrido com o estrangulamento
de crédito, que dirá as companhias de médio porte que operam no mercado internacional.
O Banco Central fez leilões de
linhas externas com lastro em
Adiantamentos de Contrato de
Câmbio. Ofereceu US$ 7,6 bilhões para apoiar as atividades
exportadoras, durante os últimos meses de 2008. Novas operações do Banco Central são necessárias, sobretudo para auxiliar na formação das taxas de juros e nos prazos das operações.
No âmbito interno, a crise
também se agrava, o que vai descortinando uma nova etapa para
as políticas antirrecessivas. O
emprego na indústria caiu 0,6%
em novembro, na comparação
com o mês anterior, que já havia
registrado baixa (0,2%), de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A despeito de relativamente
modesta, a queda no emprego
tende a se agravar. Em geral, há
uma defasagem entre o comportamento do mercado de trabalho
e a evolução da atividade produtiva. Ou seja, o desalento nas linhas de montagem vai demorar
algum tempo para refletir-se
completamente no emprego.
Nos meses de outubro e novembro, a produção industrial
caiu quase 8%, mas o volume de
emprego industrial recuou 0,8%.
Cautelosas, as empresas primeiro deram férias coletivas a seus
funcionários, mas agora algumas
já começam a demitir.
Infelizmente, portanto, é de
esperar aumento no desemprego
nos próximos meses -razão suficiente para elaborar e implementar, já, medidas que inibam
seus efeitos nocivos.
Uma opção é ampliar o prazo
de pagamento do seguro-desemprego, embora a medida abranja
apenas o setor formal. Atualmente, o beneficiário pode receber no máximo cinco parcelas. A
desoneração tributária sobre a
folha de pagamentos também estimularia a manutenção de postos de trabalho neste ambiente.
Seria importante, de outro lado, promover reduções expressivas nos juros básicos e, sobretudo, nas taxas cobradas ao tomador final. Os grandes bancos aumentaram suas margens nos
empréstimos durante a crise; inclusive os estatais, que, até para
justificar sua razão de existir, deveriam fazer o contrário.
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