São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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RUY CASTRO

Ministério da Catástrofe

RIO DE JANEIRO - Funcionários de pelo menos cinco ministérios -Meio Ambiente, Cidades, Transportes, Bem-Estar Social e Integração Nacional- já deviam ter passado pelas estradas por fora de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo nos últimos anos e observado que a ocupação das encostas, por pobres e ricos, na região serrana do Estado do Rio não podia acabar bem.
Para mim, simples viajante por aquelas paragens, o futuro já estava escrito na parede. A favelização das encostas era algo que chocava, pela velocidade, até quem levou a vida acompanhando o mesmo espetáculo nos morros do Rio. Custava a crer que os próprios prefeitos e governadores tolerassem tal abscesso numa área que vive de sua beleza e tradição.
Pelo visto, esses ministérios, apesar dos nomes, têm outras atribuições que os impedem de enxergar o óbvio. Donde a solução pode estar na criação de mais um ministério, de função explícita e exclusiva: o Ministério da Catástrofe. Teria a atribuição de tentar prevenir tragédias onde elas estivessem sujeitas a acontecer, lutar para que não acontecessem e, no caso de mesmo assim elas se materializarem, avaliar os estragos e o custo da recuperação, mandar o dinheiro e cuidar para que fosse aplicado.
Você dirá que são atribuições de mais para um ministério e, afinal, elas já competem àqueles outros ministérios. Talvez. Mas quem sabe assim as verbas prometidas pelo governo federal a cada catástrofe não passem a chegar na íntegra aos que precisam delas, e não apenas uma avara fração do dinheiro prometido, como de praxe?
Você dirá também que já temos ministérios demais, que este seria o 38º no leque em mãos da presidente Dilma e tão inútil quanto, digamos, o Ministério da Pesca. É verdade. Mas pense na necessidade que o governo tem de acomodar os derrotados do seu partido em cargos de poder e com acesso a verbas.


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