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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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CONSELHO INSTALADO

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, agora oficialmente implantado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma cópia de conselhos consultivos existentes em outros países. No Brasil, nasce sob o signo do experimentalismo. Talvez por isso desperte tanta atenção e mesmo preocupação de alguns setores, que acusam o órgão de não ter representatividade ou que temem que ele se sobreponha ao papel do Congresso Nacional.
Todas essas preocupações e temores fazem sentido. Mas é impossível dizer, de antemão, se irão se consubstanciar na prática. Já que se fala do terreno das possibilidades, não é desprezível a chance de o conselho nem sequer "emplacar", de esvaziar-se ao longo do tempo.
O entrave que parece mais sólido, neste momento, diz respeito ao tempo consumido nas discussões internas do conselho, e a tendência do governo Lula de esperar o final dessas discussões para depois dar início aos trâmites propriamente parlamentares de seus projetos.
Não custa lembrar que a popularidade do presidente, neste início de gestão, se encontra em patamares elevados. Esse fato tem conferido ao governismo relativa facilidade na obtenção de seus objetivos parlamentares. Um político do PT, João Paulo Cunha, e um da ala peemedebista alinhada a Lula desde a campanha, José Sarney, foram eleitos presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente. Além disso, o PMDB já discute a hipótese de aderir formalmente à base governista.
No entanto, os ventos da popularidade costumam parar de soprar a favor do governante à medida que o tempo passa. Colocar todas as fichas das principais reformas pretendidas por Lula no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, portanto, pode significar a dissipação de preciosa energia política.


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