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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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O MOTIVO DA GUERRA

A diferença no tratamento que os EUA destinam ao Iraque, de um lado, e à Coréia do Norte, do outro, é um forte indício de que, por trás das intenções bélicas do presidente George W. Bush, existem interesses inconfessáveis.
Os próprios EUA admitem que a Coréia do Norte deve possuir uma pequena quantidade de armamento nuclear. Conta também com mísseis capazes de atingir alvos a milhares de quilômetros de distância, o que coloca os EUA (costa oeste, Alasca e Havaí) sob o alcance de Pyongyang. A Coréia do Norte é, portanto, o que se poderia classificar como ameaça real e iminente. Apesar disso, os EUA tentam -corretamente, diga-se de passagem- solucionar a crise através dos canais diplomáticos.
Com o Iraque a situação é bem diversa. Washington parece prestes a deflagrar uma ação militar contra Bagdá, embora a ONU ainda não tenha conseguido estabelecer que o país possui armamentos não-convencionais. Os EUA não parecem dispostos nem ao menos a dar mais tempo para que os inspetores de armas realizem seu trabalho.
Tanto a Coréia do Norte como o Iraque foram classificados, por Bush, como "Estados delinquentes" e membros do "eixo do mal". As explicações para a diferença de tratamento precisam, portanto, ser procuradas além das armas e da retórica.
O que o Iraque tem e a Coréia do Norte não possui é petróleo. Num momento em que os EUA estão dispostos a reduzir sua dependência da Arábia Saudita (sobre a qual ainda pesam suspeitas de financiar movimentos integristas islâmicos vinculados ao terrorismo) precisam pôr as mãos nas ricas reservas iraquianas.
É claro que existem outras diferenças importantes entre Pyongyang e Bagdá. A Coréia do Norte mantém, por exemplo, uma relação bastante próxima com a poderosa China.
A verdade é que a guerra de George W. Bush, como agora prova a crise norte-coreana, tem pouco a ver com terrorismo e armas de destruição em massa. Trata-se, na verdade, de uma questão de petróleo e poder.


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