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O MOTIVO DA GUERRA
A diferença no tratamento
que os EUA destinam ao Iraque, de um lado, e à Coréia do Norte,
do outro, é um forte indício de que,
por trás das intenções bélicas do presidente George W. Bush, existem interesses inconfessáveis.
Os próprios EUA admitem que a
Coréia do Norte deve possuir uma
pequena quantidade de armamento
nuclear. Conta também com mísseis
capazes de atingir alvos a milhares
de quilômetros de distância, o que
coloca os EUA (costa oeste, Alasca e
Havaí) sob o alcance de Pyongyang.
A Coréia do Norte é, portanto, o que
se poderia classificar como ameaça
real e iminente. Apesar disso, os
EUA tentam -corretamente, diga-se de passagem- solucionar a crise
através dos canais diplomáticos.
Com o Iraque a situação é bem diversa. Washington parece prestes a
deflagrar uma ação militar contra
Bagdá, embora a ONU ainda não tenha conseguido estabelecer que o
país possui armamentos não-convencionais. Os EUA não parecem
dispostos nem ao menos a dar mais
tempo para que os inspetores de armas realizem seu trabalho.
Tanto a Coréia do Norte como o
Iraque foram classificados, por
Bush, como "Estados delinquentes"
e membros do "eixo do mal". As explicações para a diferença de tratamento precisam, portanto, ser procuradas além das armas e da retórica.
O que o Iraque tem e a Coréia do
Norte não possui é petróleo. Num
momento em que os EUA estão dispostos a reduzir sua dependência da
Arábia Saudita (sobre a qual ainda
pesam suspeitas de financiar movimentos integristas islâmicos vinculados ao terrorismo) precisam pôr as
mãos nas ricas reservas iraquianas.
É claro que existem outras diferenças importantes entre Pyongyang e
Bagdá. A Coréia do Norte mantém,
por exemplo, uma relação bastante
próxima com a poderosa China.
A verdade é que a guerra de George
W. Bush, como agora prova a crise
norte-coreana, tem pouco a ver com
terrorismo e armas de destruição em
massa. Trata-se, na verdade, de uma
questão de petróleo e poder.
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