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MÁRIO MAGALHÃES
O silêncio de Dilma
RIO DE JANEIRO - A ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) comemorou em artigo publicado na Folha, às vésperas do Natal de 2005, a
entrega do acervo do extinto Serviço Nacional de Informações (1964-90) ao Arquivo Nacional. "Fez-se
história", orgulhou-se.
Acrescentou: "[...] A abertura desses arquivos representa a possibilidade de a sociedade brasileira conhecer uma parte obscura de sua
história recente".
É provável que a ministra ignorasse que o material transferido pela Agência Brasileira de Inteligência não constituía o que o SNI de fato acumulou, mas o resultado da
subtração de papéis.
Hoje não pode mais alegar falta
de informação. Como a Folha demonstrou, documentos comprovadamente produzidos pelo SNI não
chegaram ao Arquivo Nacional
(vinculado à Casa Civil). Este diz
que não recebeu, a Abin jura que
repassou tudo o que tinha.
Além das "Apreciações Sumárias" do SNI de outubro e novembro de 1975, outros papéis podem
ter sumido no "banho". Quando a
notícia parecia boa, a liberação do
acesso, Dilma faturou. Quando é
ruim, o acervo surrupiado, ela se
esconde.
O veto ao conhecimento do passado é regra nos anos Lula. Em
2006, uma comissão da ONU esperou resposta que não veio à requisição de abertura dos arquivos. O
procurador-geral da República fez
pedido igual, em nome do direito
humanitário de as famílias enterrarem 140 desaparecidos. Ao não responder, o Planalto tripudiou.
O governo renovou a lei de sigilo
eterno para certos documentos.
Agora, faz vista grossa ao sumiço da
papelada do SNI. Dilma Rousseff é
a encarregada do presidente para
cuidar da questão dos arquivos. Poderia, ao menos, se desculpar pela
propaganda enganosa de 2005.
mariomagalhaesfolhasp.com.br
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