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PAINEL DO LEITOR
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João Hélio
"No exercício da advocacia, percebo que extremamente raros são
os exemplos de criminosos que se
recuperam após um tempo nas penitenciárias de nosso país.
Não há mecanismos para a recuperação de jovens infratores em larga escala. O que é necessário e primordial é socorrer nossa infância,
desde a mais tenra idade, com escolas em tempo integral.
E, em casos extremos, como o do
Rio de Janeiro, o Estado deveria assumir a educação dessas crianças
em colégios internos, equipados
tecnologicamente, com liberação
de saída apenas aos fins de semana
para visitarem os pais."
ALEX APARECIDO HERMINI (Pitangueiras, SP)
"O crime bárbaro cometido contra o garotinho de 6 anos traz à tona
os defensores da pena de morte, da
prisão perpétua e da redução da
maioridade penal. Porém, tendo em
vista que o escopo dessas medidas é
a redução da violência urbana, creio
que o foco deve ser concentrado em
educação pública de qualidade para
que os jovens que estão soltos não
trilhem o caminho da criminalidade. É também necessário prover todos os presídios do Brasil de sistemas de educação e profissionalização, pois, após passar por uma cadeia, é extremamente difícil uma
pessoa conseguir um trabalho digno -o que provoca, em 70% dos casos, a reincidência criminal."
MARCOS ROBERTO BONI, advogado criminalista
(Campinas, SP)
"O presidente Lula, o senhor Renan Calheiros, presidente do Senado, os senhores Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia, ex e atual presidente
da Câmara dos Deputados, e toda a
classe política nacional, sobretudo
os que ocupam cargos há mais tempo, estavam também dirigindo o
veículo que arrastou e matou o menino João Hélio no Rio de Janeiro.
Aqueles facínoras são os frutos
das árvores que os políticos brasileiros estão plantando há muito
tempo para a sociedade brasileira
colher."
MARCELO DRUMOND FILHO (Belo Horizonte, MG)
Aborto
"A Revolução dos Cravos, que
transformou Portugal, em 1974, nos
deu energia para continuarmos
abrindo a árdua trilha da democratização tropical.
Que os resultados do plebiscito
de domingo sobre a legalização do
aborto sejam também uma fonte de
inspiração para todas e todos aqueles que na sociedade brasileira estão comprometidos com a laicidade
do Estado e com a autonomia sexual e reprodutiva das mulheres."
SONIA CORRÊA, pesquisadora associada da Abia
-Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids
(Rio de Janeiro, RJ)
TV
"Temos o direito de saber o que
estamos consumindo quando compramos um iogurte no supermercado, não? Temos exatamente o mesmo direito de saber o conteúdo da
programação televisiva que recebemos em nossos lares.
Por isso considero que toda produção cultural (TV, cinema, teatro)
deva esclarecer, usando critérios
objetivos, qual é o conteúdo a ser
apresentado para que o consumidor possa decidir se aquilo lhe convém ou não."
EVANDRO BACARIN (Campinas, SP)
Precatório
"Excelente o artigo de Joaquim
Falcão de 12/2 ("Tendências/Debates"). A sociedade não suporta mais
o prolongamento da inadimplência
dos precatórios, mormente dos alimentares, considerados prioritários pela Constituição.
A situação no Estado de São Paulo é emblemática: em 2007, ainda
não foram adimplidos integralmente os precatórios alimentares de
1998, ao passo que os décimos dos
precatórios não-alimentares estão
em dia (nos últimos seis anos, a diferença em favor dos credores não-alimentares ultrapassou a casa dos
R$ 3,5 bilhões).
A distorção passou a ser torturante. Primeiro, porque o Estado
gasta menos do que poderia gastar
-como o artigo bem demonstrou.
Segundo, porque o Estado gasta
mal, beneficiando os grandes credores em detrimento dos humildes.
A aprovação da PEC 12/06, com
alguns pequenos ajustes (o principal seria a melhor adequação dos
percentuais entre o que vai para a
fila e o que vai para os leilões), representaria uma correção de rumo
premente, garantindo a volta do
primado da submissão do Estado à
Constituição e ao desejado resgate
da força do Poder Judiciário."
FELIPPO SCOLARI NETO, presidente do Movimento
dos Advogados em Defesa dos Credores Alimentares do Poder Público -Madeca (São Paulo, SP)
Enem
"A reportagem "Região piora desempenho no Enem 2006" (Folha
Ribeirão, pág. C4, 8/2) foi um atentado ao bom jornalismo. A "rankerização" é totalmente questionável,
pois o objetivo da avaliação, segundo o Ministério da Educação, é muito maior e tem como meta mapear
os problemas da educação brasileira.
Portanto classificar as escolas
avaliadas em "melhores" e "piores" é
incorrer numa atitude que não encontra respaldo nos dados em que
se baseia. Além disso, desmerece
todo o trabalho desenvolvido por
essas escolas durante o ano, pois o
jornal nunca permite direito de resposta na mesma proporção da reportagem que acusa. No caso das
particulares, com possibilidades de
prejuízos à escola e às pessoas que
nela atuam.
A diferença estatística de, no máximo, dois testes não pode ser critério suficiente para destacar uma escola na coluna das "melhores" e a outra na vala mortal das "piores". Se a
reportagem tratou da média da região, por que uma escola de Araraquara com 57,34 pontos está entre
as melhores e uma de Franca com
58 figura entre as piores? Por que
Ribeirão Preto apresenta cinco escolas entre as melhores e as outras
apresentam apenas três? Por que
uma das escolas particulares de
Franca não aparece nem entre as
piores nem entre as melhores? Não
havia critério para classificá-la?"
MAURÍCIO BUFFA, coordenador de comunicação e
marketing da Unifran - Colégio Alto Padrão Objetivo (Franca, SP)
Nota da Redação - O critério utilizado no quadro "As melhores
e as piores escolas em cada cidade" é simples: as melhores
são aquelas cujos alunos foram
mais bem avaliados na média
geral, e as piores são aquelas em
que os estudantes obtiveram as
médias gerais mais baixas em
cada município. Como a lista é
por cidade, é natural que uma
escola apareça entre as mais
bem avaliadas de um município
mesmo tendo média geral inferior à obtida por instituição que
apareça entre as piores em outro. A decisão de colocar cinco
instituições de Ribeirão Preto e
três de Franca levou em consideração o fato de o exame ter
avaliado 19 escolas particulares
de Ribeirão e apenas nove de
Franca -por isso, era impossível fazer uma lista de Franca
com as cinco melhores e as cinco piores, como foi feito em Ribeirão. A Folha pôs na internet
a lista completa das escolas avaliadas (www.folha.com.br/070381).
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