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Estágios em queda
O NÚMERO de estagiários no
Brasil caiu de 1,1 milhão
para 900 mil, segundo a
Associação Brasileira de Estágios (Abres). Levantamento da
entidade aponta que houve uma
queda de 200 mil postos oferecidos em relação a setembro de
2008 -uma diminuição de 18%.
O recuo coincide com a entrada em vigor da lei nº 11.788. A
norma tinha o objetivo de coibir
abusos por parte de empresas e
evitar a precarização do trabalho. Além disso, visava garantir o
caráter pedagógico desse trabalho, mediante acompanhamento
estrito por parte de instituições
de ensino e das empresas.
A regra limitou o número de
horas que os estagiários podem
permanecer na empresa, estabeleceu seguro de vida e férias obrigatórias. Também determinou a
concessão de bolsa-auxílio e vale-transporte em alguns casos.
Os maiores atingidos foram os
alunos do ensino médio. Nessa
faixa, a queda é estimada pela
Abres em 46%. Atualmente apenas 28% dos estagiários são alunos do ensino médio -250 mil,
contra 650 mil do nível superior.
A crise econômica concorreu
para o abatimento. Mas o fator
preponderante é o nível de desembolso que a lei impõe à empresa. O custo de manter um estagiário ficou mais próximo do
de contratar um funcionário regular, o que desestimula a oferta
de vagas para aprendizado.
É lamentável que os estudantes de ensino médio sejam mais
atingidos. Desde a década de
1990, a educação profissional foi
na prática transferida ao ensino
superior, fechando portas de entrada ao mercado de trabalho para uma parcela importante de jovens que não cursarão faculdade.
A fatia de estagiários no total
de estudantes matriculados no
ensino médio é inferior a 3%. Tamanha desproporção deveria levar autoridades e congressistas a
mudar a lei -que deveria facilitar, e não dificultar, a obtenção
de estágio pelos jovens.
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