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FERNANDO RODRIGUES
A volta do PT de raiz
BRASÍLIA - É cedo para saber se o
PT permanecerá no Planalto com
Dilma Rousseff a partir de 1º de janeiro de 2011. Mas já está claro que
os petistas hoje estão muito mais
parecidos com aqueles do período
pré-Lulinha paz e amor.
A crise econômica mundial açulou os instintos mais básicos e históricos dos dirigentes do PT. "Teses
como a da independência do Banco
Central foram para o espaço", resume de forma direta o presidente nacional da legenda, o deputado Ricardo Berzoini (SP).
A companheirada andava macambúzia havia seis anos. Lula havia vencido, mas eles não tinham levado. Agora, rasgaram a fantasia.
Ninguém mais fala na "Carta ao Povo Brasileiro", de 2002, o documento usado pelo PT quando flertou
com o liberalismo, namorou a banca e bajulou o establishment.
A novilíngua petista está na pouco noticiada "resolução política"
aprovada pelo Diretório Nacional
na última terça-feira -a íntegra está em www.pt.org.br. Acabaram-se as concessões. A hora é de uma
"ofensiva contra a ideologia dos senhores do capitalismo neoliberal".
Em meio à crise, os petistas pretendem "encarar os políticos do
PSDB e do DEM, seus ideólogos e
propagandistas, mostrar que eles
não têm condições de dirigir o
país". Como será esse embate? Defendendo o Estado forte.
Para não pairar dúvida sobre o
rumo preferencial dos discípulos
de Lula, eis mais um trecho do pensamento petista repaginado: "A intervenção do Estado desmoraliza o
discurso conservador hegemônico
nos últimos 25 anos -o que equivale, na disputa político-ideológica, à
queda do "muro de Berlim" neoliberal". Por analogia, se o muro caiu, o
Estado grande vai avançar.
O PT de raiz surfa na crise financeira e nos 84% de popularidade de
Lula. Com o discurso antiliberal
ressuscitado, muitos no partido já
enxergam "Dilma lá".
frodriguesbsb@uol.com.br
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