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EMÍLIO ODEBRECHT
No mundo do trabalho
A MANUTENÇÃO DA unidade
cultural em uma organização empresarial, o espírito
de equipe e o comprometimento
coletivo com o sucesso de cada um
e do todo são frutos da consolidação de relações pessoais.
A excelência do clima interno será sempre consequência da atitude
de líderes que, ao se relacionarem
com os liderados, pautem-se por
sensibilidade, respeito, coerência,
discernimento e por um construtivo acompanhamento do desempenho esperado de cada pessoa.
O pré-requisito para a construção de relacionamentos como o
acima descrito é a existência de um
rico ingrediente humanista, seja
no plano formal, seja na informalidade. Mas também é preciso haver
um ambiente favorável.
Ao longo de uma trajetória de
mais de 40 anos como executivo,
aprendi que, em uma organização
fundada na liderança, inexistem
níveis hierárquicos e organogramas verticais. O que há são âmbitos
de atuação, que se definem com
mais clareza em estruturas horizontais.
Estruturas verticalizadas tendem a simbolizar centralização e
identificam a existência da autoridade no topo da pirâmide, de onde
emana o poder do presidente, dos
diretores e seus auxiliares diretos.
Ocorre que a hierarquia não está
dentro da empresa. A hierarquia
está sempre no cliente.
A fonte máxima de poder em
uma empresa é o cliente e é a serviço dele que todos -do operário ao
presidente- devem se colocar. Em
uma estrutura horizontal, o compromisso de servir flui na linha que
liga o acionista ao cliente, como já
disse, definindo os âmbitos de responsabilidade, com as respectivas
delegações de autoridade.
E é exatamente esse o ambiente
que proporciona um alto nível de
cooperação entre as equipes, o que
se obtém mais e melhor quando as
pessoas têm a convicção de que são
ouvidas e de que são consideradas
iguais, respeitando-se, obviamente, o relativismo do peso das atribuições de cada uma.
Isso ajuda o líder que valoriza conhecer bem as pessoas para que
possa estabelecer com elas relacionamentos baseados na disciplina
que gera respeito, o que resulta em
confiança -remédio para todos os
riscos que tanto a formalidade
quanto a informalidade embutem.
Esse conhecimento é a condição
necessária para que a relação líder-liderado se liberte das amarras que
o formalismo dos papéis e a cerimônia excessiva impõem ao convívio humano e possa ser moldada
por uma informalidade respeitosa.
Essa é a melhor maneira de se
trabalhar quando o propósito comum são melhores resultados, tangíveis e intangíveis, para a organização e para seus integrantes.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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