São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

No mundo do trabalho

A MANUTENÇÃO DA unidade cultural em uma organização empresarial, o espírito de equipe e o comprometimento coletivo com o sucesso de cada um e do todo são frutos da consolidação de relações pessoais.
A excelência do clima interno será sempre consequência da atitude de líderes que, ao se relacionarem com os liderados, pautem-se por sensibilidade, respeito, coerência, discernimento e por um construtivo acompanhamento do desempenho esperado de cada pessoa.
O pré-requisito para a construção de relacionamentos como o acima descrito é a existência de um rico ingrediente humanista, seja no plano formal, seja na informalidade. Mas também é preciso haver um ambiente favorável.
Ao longo de uma trajetória de mais de 40 anos como executivo, aprendi que, em uma organização fundada na liderança, inexistem níveis hierárquicos e organogramas verticais. O que há são âmbitos de atuação, que se definem com mais clareza em estruturas horizontais.
Estruturas verticalizadas tendem a simbolizar centralização e identificam a existência da autoridade no topo da pirâmide, de onde emana o poder do presidente, dos diretores e seus auxiliares diretos.
Ocorre que a hierarquia não está dentro da empresa. A hierarquia está sempre no cliente.
A fonte máxima de poder em uma empresa é o cliente e é a serviço dele que todos -do operário ao presidente- devem se colocar. Em uma estrutura horizontal, o compromisso de servir flui na linha que liga o acionista ao cliente, como já disse, definindo os âmbitos de responsabilidade, com as respectivas delegações de autoridade.
E é exatamente esse o ambiente que proporciona um alto nível de cooperação entre as equipes, o que se obtém mais e melhor quando as pessoas têm a convicção de que são ouvidas e de que são consideradas iguais, respeitando-se, obviamente, o relativismo do peso das atribuições de cada uma.
Isso ajuda o líder que valoriza conhecer bem as pessoas para que possa estabelecer com elas relacionamentos baseados na disciplina que gera respeito, o que resulta em confiança -remédio para todos os riscos que tanto a formalidade quanto a informalidade embutem.
Esse conhecimento é a condição necessária para que a relação líder-liderado se liberte das amarras que o formalismo dos papéis e a cerimônia excessiva impõem ao convívio humano e possa ser moldada por uma informalidade respeitosa.
Essa é a melhor maneira de se trabalhar quando o propósito comum são melhores resultados, tangíveis e intangíveis, para a organização e para seus integrantes.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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