São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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MELHOR NO INTERIOR

O ensino médio -antigo segundo grau- está entre os maiores desafios para as autoridades brasileiras nos próximos anos. É fundamental, a esse respeito, conhecer onde estão seus principais problemas e onde encontrar soluções economicamente viáveis para melhorar o ensino nesse nível.
Dão pistas interessantes aos administradores os dados do Enem -Exame Nacional do Ensino Médio- segmentados por municípios que esta Folha publicou na edição de domingo. Tanto na rede pública quanto na particular, é notável o desempenho das cidades de pequeno e médio porte, bem como a preponderância de localidades do interior do país entre as primeiras colocadas.
As duas melhores médias no exame -que é facultativo- ficaram com Petrópolis (RJ) e São Carlos (SP). Na rede pública isoladamente, destacaram-se cidades do interior do Rio Grande do Sul, como São Leopoldo, Santa Maria e Caxias do Sul. E os piores desempenhos entre as instituições do governo ficaram com escolas do Nordeste.
Nas cidades menores, a aproximação entre as comunidades e a escola tende a ser maior que em grandes centros, o que facilita a interlocução e as cobranças entre pais e professores. A existência de uma cultura de aperfeiçoamento contínuo dos professores -em geral associada à presença de um bom centro superior de estudos no município- também favorece o resultado dos alunos.
Além disso, o bom desempenho relativo de cidades gaúchas no ensino público sugere que os dois fatores citados acima são otimizados quando associados a um quadro de menor desigualdade social e, portanto, maior presença de adolescentes de classe média na escola pública.
Como as autoridades nacionais na área da educação não podem agir para diminuir a desigualdade (e o tamanho do município é um dado também avesso a manipulações), a saída parece ser a de reforçar -e muito- a capacitação dos professores.


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