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ELIANE CANTANHÊDE
A guerra continua
BRASÍLIA - Condoleezza Rice, a
número 2 do governo americano,
fez de Brasília um palanque para
mandar um discurso duro para a
América do Sul, especialmente para
a Venezuela e o Equador.
Em entrevista no Itamaraty, com
Celso Amorim, ela disse que fronteiras não podem servir de "refúgio
para terroristas" e cobrou as "obrigações" dos países no combate ao
terrorismo. Ou seja: antecipou a posição dos EUA na reunião de chanceleres da OEA (Organização dos
Estados Americanos) na próxima
segunda, em Washington.
A ameaça de uma guerra entre
Colômbia (com o EUA por trás) e
Equador (sustentado por Venezuela) foi afastada justamente pelo
consenso de que nada justifica a
violação territorial do Equador.
Mas Bush e Rice discordam.
Selada a paz, eles cobram o outro
lado da moeda (ou da fronteira): Ok,
a Colômbia não pode bombardear
as Farc no Equador, mas o Equador
e a Venezuela podem acolher guerrilheiros das Farc?
Enquanto os EUA voltam a recrudescer no discurso, o Brasil volta a se posicionar como o principal
mediador do conflito. Na véspera
da chegada de Rice, Lula ligou para
Chávez e elogiou seu papel apaziguador na hora "H", mas Amorim
enfim foi duro contra as Farc.
Ou seja: com a política do "ora
apóio, ora condeno" os EUA, a Venezuela, a Colômbia e as Farc, Lula
e Amorim julgam-se com autoridade e com pontes para negociar com
todos, ao mesmo tempo.
Serão duas etapas: endurecer nas
fronteiras e, depois, decidir o que
fazer com as Farc. Aí ninguém se
entende. E é o essencial.
Complexo de sub: na coletiva
"para a imprensa", as poltronas da
frente e centrais foram reservadas
para funcionários da Embaixada
dos EUA e acabaram na maioria vazias. Já "a imprensa" foi relegada ao
fundo e ao canto, atrás de uma muralha de cinegrafistas e fotógrafos.
elianec@uol.com.br
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