São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

O desespero de um sem mandato

GILVAM PINHEIRO BORGES


O movimento promovido por João Capiberibe tem como único objetivo ação política e marqueteira; contra provas, quer manufaturar a realidade


As investidas e declarações de João Capiberibe, cassado junto com sua esposa Janete, em 2004, por extensa lista de provas (materiais e testemunhais), têm revelado atitude de desespero e desequilíbrio.
A cassação do casal Capiberibe não foi fruto da "compra de dois votos a R$ 26, em duas prestações". Tampouco fruto de motivação pessoal, mas, sim, baseada em um processo de investigação eleitoral que reuniu um conjunto de provas e de depoimentos robustos.
Réus em condenação de segunda instância, João e Janete tiveram o registro de candidatura indeferido nas eleições de 2010, devido à lei que exigiu "ficha limpa" dos candidatos. Simples assim.
Nas eleições de 2002, o PMDB foi responsável por "judicializar" o conjunto probatório reunido pelas autoridades competentes no "bunker" dos Capiberibe. Lá foram confiscados R$ 16 mil escondidos no forro da casa do cachorro, envelopes com adesivos dos candidatos, um cadastro com 5.800 eleitores (endereços, filhos, local de preferência para trabalhar futuramente, títulos de eleitor e locais de votação), relação de assessores e recibos já assinados.
Esse conjunto de provas convenceu as autoridades locais e o procurador regional eleitoral, Manoel Pastana. Pastana, que acompanhou a batida policial, relatou em um livro ("De Faxineiro a Procurador") que sofreu muitas pressões.
Desmentindo a realidade manufaturada do senador cassado, afirmou: "Não houve injustiça contra o casal Capiberibe. Ao contrário do alardeado, a cassação não foi apenas com base nas declarações de duas testemunhas, dado suficiente para configurar a infração eleitoral e que leva à cassação".
As duas testemunhas mencionadas pelo procurador Pastana eram Rosa Saraiva dos Santos e Maria de Nazaré, que agora voltam ao noticiário. Ambas foram procuradas pelo advogado Antônio Tavares Neto e pelo ex-secretário de Saúde, Jardel Nunes, nomeados assessores por Capiberibe no Senado pelos atos nº 2.175/2003 e 188/2003.
A dupla ofereceu dinheiro para as duas alterarem os depoimentos e acabaram sendo processados por tentativa de corromper testemunhas. São fatos que Capiberibe omite em suas perambulações.
Novos personagens surgem nesse cenário. A senhora Veranilda Araújo Rodrigues e o senhor Hélio José Nogueira Alves. Conhecido por sua extensa bagagem de atos ilícitos, que resultaram em processo e prisão, o sr. Hélio, ao contrário do que afirma, nunca foi meu assessor, mas nomeado em 1997, pelo então senador Ademir Andrade (PSB), do mesmo partido e conhecido defensor dos Capiberibe.
A sra. Veranilda, demitida em 2009 da função de recepcionista na empresa de propriedade da minha família, por questões administrativas, decide agora se associar a uma acusação infundada e leviana.
O movimento promovido por Capiberibe tem como único objetivo uma ação política, marqueteira e pirotécnica. Contra os fatos, as provas, ele pretende manufaturar a realidade. Comportamento que demonstra o total desespero de quem, por uma ficha corrida de atos ilícitos e duas cassações, está impedido de disputar eleições.

GILVAM PINHEIRO BORGES, 58, sociólogo, é senador pelo PMDB-AP.


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